PERDIDOS NO NINHO
Tarde de sol, céu límpido no parque arborizado. Passarada festejando de galho em galho, visitantes fazendo caminhada, esportistas exercitando o corpo. Sorvete e água gelada, grama e sombra fresca. Sorrisos e sussurros de quem se alegra ao desfrutar uma tarde de sol. No parque, pedras e galhos de árvores aconchegam alguns insetos. Abraços se combinam, lambidas de cachorro também. Óculos de sol, protetores solares e até um livro ao som dos pássaros combinam .
Uma tarde no parque é um presente para quem sabe apreciar a natureza, ninho generoso de acolhimento.
Perdidos no ninho são todos aqueles que, de tão entretidos com parelhos celulares, ignoram a diversidade do parque e suas belezas naturais. Não ouvem o canto dos pássaros por causa dos fones no ouvido, não retribuem cumprimentos por falta de atenção, sorriso não é correspondido diante de quem sorri para a câmera. Já não existem olhos nos olhos quando os mesmos estão atentos na próxima mensagem. Aperto de mão foi substituído por mãos que digitam, cérebros se movimentam ao compasso da internet. Ondas engolem o tempo.
Cheiro de mato não orna com aparelhos eletrônicos pois estes desviam a sensibilidade do ser.
Tarde de sol no parque, momento tão puro e tão singelo. Perdidos no ninho, condição tão triste e tão alienada.
Do livro “Selfie da macaca”