Piupiu e sua Turminha - por Christina Hernandes

Piupiu e sua Turminha - por Christina Hernandes

Piupiu e sua Turminha

 

Era um entardecer de verão, começamos a fechar as janelas e portas da casa em razão da nuvem de pernilongos e outros insetos voadores, típicos do verão avassalador que fazia em nossa cidade. Quando meu marido chegou à sala para fechar uma das janelas viu um filhote de pardal voando de um lado para o outro. Estava meio desnorteado, por mais que tentamos não saiu de jeito nenhum, decidimos sair da sala para ver se ia embora, qual o que, não adiantou.

Ele sem cerimônia e exausto de voar de um lado para o outro, assustado com a nossa presença, pousou no varão de uma das janelas da sala que estava sem cortinas, alias, uma coisa que por mais que eu ache interessante e dê um fechamento na decoração, não aprecio. Voltando.

O pardalzinho , adolescente como todos, curioso, atrevido e destemido, após se acomodar no varão dormiu imediatamente. A sala já estava escura e todas as janelas e portas abertas para que ele alçasse voo. Nesse momento meu marido e eu decidimos que ele passaria a noite ali, poderia correr o risco de ser atacado por um gato, pois à noite ficaria vulnerável. Então com todo cuidado e fazendo menos barulho possível fechamos as janelas, a porta que dava acesso a varanda e por ultimo a porta que dava acesso ao corredor interno da casa.

A noite transcorreu tranquilamente sem sobressaltos. Assim que os primeiros raios do Sol começaram a entrar pelas janelas da sala, escutei do meu quarto os primeiros piados do nosso ilustre hospede.

Levantei-me de um salto e fui imediatamente para a sala, chegando lá nosso pardalzinho já estava voando de um lado para o outro procurando a saída. Mal abri a porta ele saiu como um furacão,pousou na Fenix que temos no jardim, olhou para trás em minha direção, piou alto, várias vezes, como se despedindo, agradecendo nosso cuidado. Girou o corpinho, abriu as asas voando para as alturas, não me dando tempo nem para ver em que direção.

Não pude esquecer o Piupiu,seu jeitinho faceiro de adolescente, sua silueta esguia , sua agilidade, própria de quem tem muita coisa por fazer e não pode perder tempo. Não me esqueci também da expressão de seus pequenos olhos pretinhos.

Pensei: “Nunca mais vou ver este pardalzinho, afinal são tantos e iguais...”. Ledo engano.

No dia seguinte pela manhã, estava na cozinha preparando o café da manhã escutei piado insistente, olhei pela janela e lá estava ele. O Piupiu, o pardalzinho de ontem, me olhando pousado na telha sobre o muro, em frente à janela da cozinha. Conforme me olhava, piava movendo a cabeça de um lado para o outro e eu por minha vez conversava com ele dizendo o quanto estava feliz por ele estar de volta. Ofereci-lhe comida no que ele aceitou de bom grado.

Daquele em dia em diante, todos os dias ele vem à minha janela da cozinha, me chama pousado na telha.

- Piu, piu, piu...

Respondo.

-Oi Piupiu, veio me ver?

 Ele vira a cabecinha de um lado para o outro me olha e permanece onde está. Logo entendi que ele queria comida, então passei a colocar arroz integral na vasilha que comprei especialmente para ele, já que havia recusado o arroz comum.. No começo ele vinha sozinho, comia se despedia dando muitos piados e ia embora.

Bem... como todo adolescente ele tem uma turma e hoje em dia além dele vir todos os dias me cumprimentar, me chamar e esperar que eu fale com ele, trouxe seus amigos que aguardam pacientemente ele se apresentar a mim, conversar, explicar que trouxe mais amigos. Depois todos descem para saborear a comida, que é compartilhada com os amigos presentes.

Este é meu amigo Piupiu, com o laço de confiança que estabelecemos este pequeno pardalzinho pousa tranquilamente no muro em frente à janela da minha cozinha, na certeza que ali será acolhido, amado e respeitado. Nossas diferenças nem lembramos, somos tão iguais...Ah!Esqueço  que não posso voar!

 

 

 

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