Por que não se pode forçar a evolução espiritual
Ninguém vale mais do que ninguém. Nem mesmo quem está num patamar acima na consciência espiritual, divina, planetária ou como queiramos chamar, vale mais do que quem está abaixo. Não. Toda vida é valiosa, por mais débil ou fraca que seja. O julgamento de quem é melhor ou pior não entra na balança cósmica do universo. É por essa razão que forçar a evolução de um ser é errado. A escolha deve ser feita. Permanecer ou ir adiante. Dessa escolha depende o equilíbrio de forças entre a sapiência e a ignorância, entre o bem o mal. Mas é uma escolha que deve ser tomada por cada um, livremente.
A coletividade não pode participar dessa tomada de decisão. Nem mesmo a auto-determinação dos povos pode sustentar uma escolha dessas. Não. A escolha é individual. Por que a única revolução possível é a do indivíduo. Ideologias, filosofias e pensamentos não podem suplantar a consciência, o discernimento e a plenitude de espírito pelo mesmo motivo que a carroça não pode estar na frente dos bois. Quem está em sintonia com o divino pode - e até deve em certas circunstâncias - interferir no social, no político, no mundo, enfim. Mas o mundo não deve - e não pode, se formos razoáveis - interferir na espiritualidade individual.
Os desígnios da luz são, por vezes, impenetráveis e sem relação com os nossos desejos e prioridades. Mas é correto dizer que a luz sabe melhor do que nós mesmos, as nossas necessidades e nos provê com mais do que possamos querer, pedir ou imaginar. Por que é assim? Porque o caminho da luz trabalha com a bem-aventurança, com a prontidão e com a boa forma. Bem-aventurança: felicitações a quem está sintonizado de modo especial com o universo. E o universo sabe o que é melhor para os que são gratos. Prontidão: o preço da liberdade é a eterna vigilância. O bem nunca para de agir, sempre está alerta ou em regime de espera para agir quando for preciso. Boa-forma: a beleza e a abundância está em todo o lugar e àquele que tiver essas qualidades, ser-lhe-á dado ainda mais para completar o que faltar se assim for o caso.
Dentro de cada um de nós brilha uma centelha divina, uma chispa, um nada que aguarda pacientemente ser despertado para brilhar com intensidade. Esse despertar não pode – e não deve – ser apressado, mas quando é a hora também não pode – e não deve - ser ignorado ou deixado para depois. Porque se é verdade que quando o discípulo está pronto, aparece o mestre, também é verdade que o mestre só é necessário enquanto há dúvidas ou hesitações por parte do iniciado. Às vezes, o que é necessário é um pequeno empurrão na direção correta e, às vezes, só alguns esclarecimentos a respeito de ética e comportamento para com os semelhantes, por exemplo.
O fundamental é ter em mente que tudo tem a sua hora, nem cedo e nem tarde, apenas “aquela hora” em que tem que ocorrer. Sejamos justos com nós mesmos e com nossos semelhantes e não queiramos pedir maturidade espiritual de quem não a possui. De todos os nossos atos prestaremos contas no tribunal cósmico algum dia e, sendo assim, tenhamos certeza que, assim como ”todos os cabelos da nossa cabeça estão contados”, também todo o tempo que passamos ou ainda vamos passar na inconsciência também está contado. Seremos todos luz vibrando pelo bem. Assim seja.
Mauricio Duarte