Prenúncio
Há no prenúncio uma verdade
Que dói por antecipação.
Eu que venho da dor de viver
Estou ficando cansada.
Ensina-me, ó Deus,
Sobre o secreto de cada um,
Para que eu possa entender a vida.
Tudo ela dá. Tudo ela tira.
Estou entrando, ainda que sorrateira,
Numa realidade inexplicável.
Seria ironia? Fatalidade do acaso.
Ora, só estou percebendo... Pressentindo...
Meus fantasmas me assombram sem dó.
Tenho medo da perigosa grande resposta
Estou perdendo alguma coisa
Que me é essencial
Encontro um vácuo e me encolho
Ante a sua grandeza.
Preciso da mão que me resgatou de mim
Não quero sentir-me solta
Nesse imenso vazio em que me descobri.
Perdoa-me te dar isto,
Mas se não revelar a minha carência
Não saberás do meu amor.
Assim peço-te:
- Não retires de mim a tua mão!