Prenúncio - por Lígia Beltrão

Prenúncio - por Lígia Beltrão

Prenúncio

 

Há no prenúncio uma verdade

Que dói por antecipação.

Eu que venho da dor de viver

Estou ficando cansada.

Ensina-me, ó Deus,

Sobre o secreto de cada um,

Para que eu possa entender a vida.

Tudo ela dá. Tudo ela tira.

Estou entrando, ainda que sorrateira,

Numa realidade inexplicável.

Seria ironia? Fatalidade do acaso.

Ora, só estou percebendo... Pressentindo...

Meus fantasmas me assombram sem dó.

Tenho medo da perigosa grande resposta

Estou perdendo alguma coisa

Que me é essencial

Encontro um vácuo e me encolho

Ante a sua grandeza.

Preciso da mão que me resgatou de mim

Não quero sentir-me solta

Nesse imenso vazio em que me descobri.

Perdoa-me te dar isto,

Mas se não revelar a minha carência

Não saberás do meu amor.

Assim peço-te:

- Não retires de mim a tua mão!

 

 

 

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