Prisioneiro
Na trilha do Halley
entre labaredas e fagulhas
riscando um céu
mil vezes riscado
iluminando a chama do dia,
brilha na noite eterna
fulge nos pingos de dor,
tinge a crua verdade
traçando ensinamentos
e rasgando entranhas
para eviscerar erros perpétuos
e ensinar novos caminhos
criando a eternidade.
Velho roble nodoso
galhos fortes
frutos podres escarlates
vísceras que enraízam
na morfina do pântano calado.
Se abarca um mundo disforme
que fecha os olhos cegos
do cego que enxerga demônios
e percebe as gotas que caem quadradas
nos pés que pisam no charco
no andar de bêbado sóbrio
na beira da vida.
Trôpego vidente
da desarmonia que chora
em eterna agonia
hoje, sisudo no catre,
prisioneiro do corpo agrilhoado
pendente de movimentos alheios,
sorrindo o riso do pai com tempo e folga por meditar
na lição do Pai Eterno
zelando pelo meu eu.