Profissão Professor: breve reflexão
Profissão Professor, constata-se um antagonismo ao ser preciso «lutarmos tanto» para valorizar esta profissão que já agrega em si mesmo um valor incomensurável. Infelizmente, ainda, não tem o devido reconhecimento tanto dos poderes públicos quanto quase sempre pelo cidadão comum. É perceptível esta postura desconsiderante pelo tratamento que é dado, historicamente, ao magistério público federal, estadual e municipal, a exemplo do piso salarial no qual o mínimo é tido como sendo o máximo.
As razões desta reflexão, define-se a partir de circunstâncias e interesses que influencia quem o produz. Origina-se nas várias situações experienciadas durante história pessoal, profissional e acadêmica; as inquietações que esta prática docente traz no que diz respeito aos conteúdos metodológicos, ao material didático e às contribuições do ensino, na formação do cidadão. Inquietações essas, que trazemos a tona no intuito de refletirmos, neste espaço literário, um tema cuja relevância ainda precisa ser reconhecida.
Atualmente estamos inseridos num conjunto de transformações das quais a escola é permeável, Neste contexto, nós professores nos encontramos diante de um impasse, de perspectivas de mudanças, de (re)visão do fazer pedagógico. E para reforçar a nossa crença, convidamos Freire (1997, p.30) “[...] pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas”. Os caminhos são vários, mas quem sabe ao certo qual o caminho?
Diante deste questionamento, tanto o educador quanto o educando devem ser vistos como seres autopoiéticos, pois ambos devem ser considerados sujeitos ativos quando se auto-produzem, bem como se auto-constroem e se reproduzem na ação educacional. Esta caracterização pode ser contemplada na obra A educação como prática da liberdade, quando Freire (1999) apresenta a marca da pluralidade nas relações com o mundo.
Nesta perspectiva, é inevitável bebermos nessa fonte, pois o educador citado rompeu barreiras e lutou por uma vida social mais justa para todos. Embora, se construa um pensamento para o respeito do saber comunitário, isso não implica em uma desorientação em relação ao saberes científicos, mas sim que exista um equilíbrio, um novo foco, nas relações entre esses saberes, para que surja a possibilidade da existência de uma sociedade mais humana, reflexiva e feliz.
Em decorrência do terreno de mudanças em que se encontra a educação na atualidade, a prática docente é impelida a tomar posicionamentos, às vezes o profissional se identifica com modelos passados, noutras, procura ajustar-se às novas tendências do ensino aprendizagem.
Verifica-se, portanto, que é tarefa complexa decidir o tipo mais adequado de se fazer educação; consequentemente, de se chegar ao educando e fazê-lo progredir de modo a atingir positivamente todas as suas potencialidades. Ainda que o professor tenha uma visão de cidadania que ultrapassa o senso comum, que, em geral, limita-se a considerar cidadania como um conjunto de direitos e deveres apregoados pelo estado, ele será confrontado pela concepção burguesa de educação, caracterizada pela passividade do sujeito do aprendizado, e por variados modos de exclusão.
Neste contexto, é importante que o docente possua uma clara compreensão dos mecanismos políticos, sociais, culturais e educacionais. Enquanto profissional da educação, o docente deve ser capaz de ajudar a promover reflexões que conduza a ações voltadas para o diálogo.
Estes são movimentos que precisam ser observados de perto, com sensibilidade e lucidez para entender e interpretar as vozes que muitas vezes são silenciadas pela própria condição com as quais os sujeitos chegaram à profissão e são construídos a partir daí. Um dos pontos importantes a ser desenvolvido, é o da necessidade de questionar, conhecer e definir sua identidade social, e assim, se afirmar como parte integrante de um grupo social. Percebemos que existe um espaço «em aberto» de (re)conhecimento, no que diz respeito aos caminhos percorridos no fazer-se professor.
REFERÊNCIAS:
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
publicado em 01/05/2014