Mesmo que não escreva livros, você é o autor da sua história. Mesmo que não seja um Renoir, faça da sua vida uma obra de arte.
Protagonista ou plateia?
Por Isi Golfetto
Quem não gosta de assistir, ler ou ouvir uma história?
Muitos de nós crescemos ouvindo histórias contadas pelos nossos pais, outros assistindo histórias como “As aventuras de Rin-tin-tin”, “Bonanza”, “Sitio do Picapau Amarelo”, entre outros. Ficávamos deslumbrados e na expectativa do próximo episódio.
Histórias são um meio de ampliar o horizonte e conhecimento de quem as ouve. Ela tem o poder de estimular o imaginário, permitindo que o ouvinte se incorpore à trama através de cada ação, pensamento, sentimento, sofrimento, encantamento como se elas próprias fossem os personagens.
Sem nos darmos conta, estamos escrevendo um capítulo da nossa própria história a cada dia. Quem está sendo a nossa inspiração? Como está a nossa performance? Que tipo de sentimento estamos provocando em nossos expectadores... de encantamento ou de pena? Estamos sendo uma referência... uma inspiração?
Hoje vamos contar a história, ou melhor, dar umas pinceladas nos principais eventos da vida de dois grandes gênios da pintura: Van Gogh e Renoir. Vamos notar como a personalidade de cada um deles influenciou suas pinturas e como o enfrentamento das adversidades de cada um foi determinante para o rumo de suas vidas pessoais e carreira artística.
Vincent van Gogh, holandês,1853-1890.
Se você ouvir uma voz interior dizendo: ‘Não sou pintor’, então pinte... e a voz se calará. Van Gogh
Van Gogh, hoje considerado um dos maiores mestres da pintura universal, só encontrou o sucesso no final da sua curta vida. Aliás, em sua vida o que não faltaram foram motivos para que ele abandonasse o seu talento artístico, em virtude de uma série interminável de adversidades em sua vida. No entanto, a sua determinação foi maior que a tal voz que procurava interferir em sua história e limitá-lo. Sua superação se deu pelo fato de ele próprio acreditar em seu potencial, ter consciência do seu talento e colocar toda a motivação em suas obras. Só que faltou a ele equilíbrio emocional. A obsessão minou-lhe a saúde física e mental. Dois anos antes da sua morte, pintou compulsivamente.
Conta a história (há controvérsias) que em um de seus colapsos nervosos decepou a própria orelha. Foi internado para recuperar a saúde e em uma tarde, quando saiu para pintar, deu um tiro no próprio peito. Foi encontrado ainda com vida, mas dois dias depois, não resistindo aos ferimentos, morreu. Em vida vendeu um só quadro e travou uma triste batalha contra a pobreza, o alcoolismo e a insanidade.
Pierre-Auguste Renoir, francês, 1841-1919.
A dor passa, mas a beleza permanece. Renoir
Renoir foi o pintor impressionista que ganhou maior popularidade e chegou mesmo a ter o reconhecimento da crítica, ainda em vida. Era conhecido como “o pintor da vida”. Sua personalidade alegre e carismática cativava as pessoas e vivia sempre rodeado de amigos. Seus quadros reproduziam alegria, otimismo e a intensa movimentação da vida parisiense do final do século XIX. Foi criticado injustamente por retratar esses momentos festivos juntos aos amigos e personalidades da época.
Renoir foi um pintor que não teve medo de mudar seu estilo quando sentiu essa necessidade: durante alguns anos, após voltar das suas viagens à Argélia, Espanha e Itália, dedicou-se a temas mais clássicos e formalistas.
Pintou o corpo feminino com formas puras e isentas de erotismo e sensualidade, preferindo pintá-los ao ar livre. Retratou personagens do cotidiano e naturezas mortas. Afirmava que a criação desse tipo de pintura era relaxante: Deixo meu cérebro descansar enquanto pinto flores. Por outro lado, as esculturas foram sua obsessão nos últimos anos de vida. Ainda que não mais conseguisse fazê-las sozinho, devido a uma doença que o acometera, afirmava, com bom-humor: Eu nunca acho que terminei um nu até sentir que posso beliscá-lo !
Renoir casou-se aos 40 anos com uma modelo da época com quem teve três filhos. Aos 57 é atacado por reumatismo e sofre com a doença por mais de 20 anos. Aos 71, bem debilitado, pinta sentado com os pincéis amarrados aos dedos. Daí a sua frase mais singela: A dor passa, mas a beleza permanece. Mesmo com dores nunca se deixou dominar pelo pessimismo ou pela tristeza e continuou pintando até o fim da vida. Morreu aos 78 anos, acometido por uma pneumonia e foi sepultado ao lado de Aline, sua mulher.
Dois gênios, duas histórias semelhantes de determinação e superação. Mas, a personalidade de ambos foi determinante para o final das suas respectivas histórias.
Não dependa dos outros nem das circunstâncias para dar capítulos emocionantes e edificantes a sua vida. Sua história é responsabilidade sua. Torne-a tão real até sentir que pode beliscá-la !
Você está sendo protagonista das suas histórias ou apenas plateia?
Seja um Renoir é um vídeo contendo algumas pinturas belíssimas do pintor acompanhado de alguns pensamentos e uma bela música. Aprecie.
Uma semana de inspiração para a sua história.
Foi um privilégio estar em sua companhia.
Um grande abraço
Isi