RASTRO DE AMOR
Inda que eu desapareça,
continuarei vagando
como uma sombra errante,
sofrendo estertores platônicos,
de uma saga inacabada,
perseguindo rastros de um amor
nunca concluído.
Como íncubo desesperado,
vogarei seus sonhos noturnos,
em busca do prazer
que assola meu plexo
em noites intermináveis.
Como uma sombra,
avassaladora, noturna,
estarei ao seu ouvido
lembrando-lhe que um dia existi,
que partilhei suas alegrias,
seus momentos,
seus êxtases carnais,
sua vontade continuada de amar,
de sofrer e enaltecer o amor,
e vergastar o espírito,
com sutilezas deléveis.
Nossa vida impetuosa,
nosso amor solitário,
nossas vontades,
desejos cumpridos...
uma tempestade de verão.
O amor, um mantra.
Segredos guardados no silêncio,
desvendados por gestos,
incompreensíveis para
os desprovidos de sentimentos.
Inda que eu desapareça,
olhe dentro do seu coração
e descubra o encontro
comigo marcado
no salão da primavera,
onde bailaremos
a valsa da saudade.
Inda que eu desapareça,
estarei com você
eternamente.
“A DEA”
Anchieta Antunes - final de março/2016.