RESILIÊNCIA E O ABUSO SEXUAL
É um fator extremamente importante para este novo século em todas as áreas da vida: pessoal, profissional, da saúde, social, familiar, ambiental, cultural, etc.; pois estamos vivendo momentos de grandes transformações e provas. Alguns autores enfatizam a capacidade de ‘’ fazer bem as coisas’’. Apesar das diversidades, ou seja, soma-se a capacidade de resiliência uma ‘’ faculdade de construção positiva (FERREIRA, 1986).
Resiliência é um conceito que vem do físico e significa a capacidade de um objeto recuperar-se de se moldar novamente depois de ter sido comprimido, expandido ou dobrado, voltando ao seu estado original. O dicionário Aurélio define o termo como ‘’ a prosperidade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica’’ (GALIETA, 2002).
Nos últimos anos a resiliência tem despontado como conceito operativo no campo da Saúde, especialmente entre a criança e o adolescente. A resiliência pode ser vista como resultado da interação entre aspectos individuais, contexto social, quantidade e qualidade dos acontecimentos no decorrer da vida, e os chamados fatores de proteção encontrados na família e no meio social (LINDSTRÖM, 2001). Kotliarenco et al. (1997) sintetizam a resiliência como inovador na área da violência contra crianças e adolescentes (CICCHETTI et al., 1993; HERRENKOLL et al., 1994), Trazendo contribuições relevantes, particularmente no que se refere ao abuso sexual (BOUVIER, 1999; VANISTENDAEL, 1999). Sabemos o quão devastador pode ser um abuso para o desenvolvimento físico, social e psíquico de uma criança (AZEVEDO et al., 1993).
Dentre as conseqüências orgânicas temos lesões físicas, doenças sexualmente transmissíveis, disfunções sexuais etc. E ainda distúrbios de sono e alimentação, dificuldades de aprendizagem, fugas do lar e uso de álcool e drogas (AZEVEDO; GUERRA, 1988). Para o exercício da sexualidade adulta, Morgado (2001) elenco a desconfiança no sexo oposto, o desconforto e a falta de prazer na relação sexual com parceiros. As conseqüências psicológicas são subdivididas em dificuldades de adaptação afetiva, interpessoal, sexual.
A resiliência rompe com uma noção na qual o sujeito se vê pressionado a um ciclo sem saída; apresenta-se como uma esperança e, acima de tudo, reforça uma proposta ética que impulsiona a ação e o engajamento (JUNQUEIRA, 2003).
Em termos de prevenção, Bouvier (1999) acredita que fatores de resiliência podem estar presentes ou serem desenvolvida antes, durante e após o abuso sexual. A prevenção primária prioriza programas que buscam aumentar a resistência das crianças em casos de agressão através de um reforço do conhecimento do problema e da competência das mesmas, visando uma resposta adequada ás situações de risco. Nesse sentido, Seabra e Nascimento (1998) e Silva (1996) reafirmam a importância de uma educação que ajude a criança a valorizar seu corpo, a ter consciência de que ele lhe pertence e que ninguém tem o direito de violar seu ‘’ território’’ corporal.
Em suma, observa-se a importância e a necessidade de contextos adequados para que os adolescentes possam desenvolver o lado físico, emocional e social adaptando-se e superando todas as resiliências impostas pela vida.