Réveillon, Festa da Humanidade – Por SILVA NETO.
A passagem do ano novo, brasileiramente falando, é um espetáculo dos mais envolventes e arrematadores de que temos notícia, até hoje. O dia da Confraternização Universal é semelhante a uma corrente puxada em que os elos que a une rangem em toda sua extensão. Sendo essa corrente humana imensa, envolvendo todas as raças e países, o fuso horário mundial impede que esse ranger tome proporções incalculáveis, semelhantes a um terremoto de vasta magnitude. Mesmo assim, abala, une e arremata os sentimentos em um só, o de felicidade, paz e prosperidade entre os homens. É isto o que sinto, todos os anos, nessas dezenas de anos vividos.
O alemão, de sentimento gélido, em sua aconchegante sala de estar, diante de sua abrasante lareira assiste a passagem do ano no “led television set”, levanta-se e exclama em tom ríspido: “kliGlücches neues Jahr”.
O inglês, lorde e democrata, ergue-se de sua poltrona, polidamente, riso contido e expressão aberta: “Happy New Year”.
O francês, elegantemente risonho: Joyeux Nuvel An.
O italiano, irreverente e lascivo: Felice anno nuovo.
O espanhol, galante e falante: Feliz año nuevo.
E nós brasileiros, risonhos, cativantes e encantadores: Feliz Ano Novo.
Seja em um Iate de luxo em Copacabana, escutando RC “Quando eu estou aqui...”; assistindo a queima de fogos numa badalada praia desta imensa e bela costa brasileira, ou numa cidadezinha do interior do Brasil o sentimento é o mesmo, de Paz, Amor, União e Fraternidade entre os homens.
Lembro-me, quando criança, na cidadezinha onde vivi, o quanto era bela e aconchegante a chegada do ano novo.
Não havia queima de fogos tão exuberantes quanto hoje, apenas alguns foguetões com disparos ao ar anunciavam meia-noite. Televisão, não existia em muitos lares. Somente rádios em ondas curtas anunciava a hora exata.
As famílias começavam a se abraçar com ternura, todos desejando um Feliz Ano Novo.
Os cumprimentos varavam a noite envolvendo toda a população daquela pequena cidade. Uns adentrando as casas dos outros mesmo sem serem convidados ou familiares. Todos se respeitavam como irmãos, não havendo distinção de raça, cor ou padrão social. A verdadeira fraternidade era evidente nos semblantes de alegria, hospitalidade e verdadeiro amor entre toda população do lugar.
Assim era e ainda é, hoje, nas cidadezinhas, vilas e povoados do interior.
Esse espírito de Natal, culminando com o Réveillon, deveria prolongar-se o ano todo. Se assim fosse, a humanidade evoluiria moralmente em pouco tempo. O orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, as guerras, o racismo, o preconceito e tantas outras chagas da humanidade desapareceriam. A alegria, a fraternidade, o perdão, a afabilidade, a ternura, a compreensão, o amor ao próximo reinariam entre os homens.
Que tal pensarmos nisso na virada do Ano Novo!
PAZ e AMOR entre todos os homens, indistintamente!
São os meus votos sinceros.
SILVA NETO - Escritor