REVERSIBILIDADE
Mirian Menezes de Oliveira
Quem já passou pelo desprazer de observar a cena de um acidente, em que o motorista de caminhão tomba a carga transportada em grande rodovia, tem ideia mais próxima do que falo. Não basta levar o susto do tombamento! O motorista vê toda a carga sendo levada, de maneira ágil, por seres humanos que surgem de todos os lados, aproveitando-se do “maná caído do céu”.
Horrível situação! Perversa corrupção!
Mais do que pela rima, interesso-me pela situação, digna de profunda reflexão. Ops! Mais uma rima!
Poderia discorrer sobre o lado negativo desse “mundo cão”, que nos apresenta todos os horrendos cenários possíveis de degradação e de tristeza, mas prefiro optar por uma MANCHETE positiva, acreditando na reversibilidade dos fatos.
“A UNIÃO FAZ A FORÇA! EFEITO LIBÉLULA NA LADEIRA”
O rapaz subia a ladeira da rua do mercado, com sua bicicletinha velha; carregava consigo uma caixa “cheinha” de cebolas.
No ponto crítico da rua, a caixa se abriu e as cebolas rodaram por vários cantos do pequeno morro. A um quilômetro, aproximadamente, aproximava-se uma fileira de carros. Sem pensar, uma moça correu e apanhou duas ou três cebolas e retornou-as à caixa, que estava sendo amarrada pelo rapaz da bicicleta.
Movidos pelo “efeito libélula”, duas ou três senhoras apanharam mais algumas cebolas que haviam deslizado pelos cantos da calçada e as devolveram ao rapaz.
Em menos de um minuto, uma legião de mãos, reverteu a “cena inicial”, devolvendo ao jovem da bicicletinha, tudo o que havia despencado pela suave ladeira.
Vendo a ação coletiva, o veículo que puxava a fileira de carros, freou suavemente e sinalizou aos demais a necessidade de uma breve parada.
Em menos de três minutos, o rapaz havia recuperado aquele “patrimônio”.
Muitos leitores devem se perguntar, nesse momento: “Que relação há entre um caminhão tombado em uma grande rodovia e a bicicletinha de um jovem, numa cidade do interior?”
NADA e TUDO!
É preciso acreditar em atitudes positivas e na reversibilidade dos fatos!
UTOPIA?
É possível, mas as libélulas jamais deixarão de agitar suas asas...