por Andreia Rodrigues
Rogélia Proença é autora de poesia e prosa. Em poesia já publicou quatro livros. Possui variadíssimas participações em antologias com outros autores, em várias editoras, de Lisboa e do Porto. É professora de Português e formou-se em Coimbra. Especializou-se em Vergílio Ferreira (e participou como palestrante nos Colóquios vergilianos de Gouveia), Pedagogia Integrada de Línguas (UBI, estando os seus trabalhos publicados na revista literária da Universidade) e os Poetas Líricos do tempo de Camões, dilucidando homonímias e autorias (Coimbra). Nasceu na Covilhã, na encosta da Serra da Estrela, espaço que marcou a sua infância e continua a identificar como um pequeno paraíso. Tem 44 anos, é professora, Mãe, voluntária, escuteira, responsável pela edição de um jornal, (O Lenço Castanho), cronista, membro ativo da Associação Portuguesa de Poetas. Com uma agenda tão preenchida,mesmo assim teve tempo para responder a umas perguntinhas.
Boa Leitura!
Quando e porquê começou a escrever?
Rogelia Proença - Escrevo desde sempre… No sentido em que sempre usei a escrita como forma de pensar, ser, estar, sentir…Não vivo, se não escrevo. Sinto inclusive que a escrita é o melhor filtro de verdade que existe, nesse sentido autognóstico e confessional da procura do Eu e da reflexão e posicionamento perante tudo o que é, acontece, existe. Nesse sentido, a escrita é terapia, verdade, lucidez, memória, trabalho, arte. E a Arte vence o Tempo. Escrevi, também, durante muito tempo, em estilo epistolar, quando estudei em Coimbra, diariamente, como meio de presentificar os espaços e as pessoas que amava e de quem me encontrava distante.
Editei em 2013, duas compilações poéticas, as duas primeiras de uma trilogia, a saber: Um Amor que Vence Chronos (novembro, 2013), O Livro dos Silêncios (novembro, 2013) e Pó de Estrelas (fevereiro de 2014).Já em 2015 surgiu Papel de Seda, com o subtítulo Árvore e Asa, o meu quarto livro de poesia a solo, integrado numa coleção intitulada A Poesia Pode Durar um Dia, pelo grupo editorial Múltiplas Histórias, Pastelaria Studios Editora (Lisboa). Pelo meio inúmeras participações em conto, conto infantil, prosa poética, carta e poesia livre e orientada foram surgindo, tendo participado já, com outros autores, em mais de 15 antologias literárias e em várias editoras.
Editar era um sonho adiado em prol de outros sonhos pessoais e familiares igualmente urgentes e prioritários. Tudo surgiu, assim, um pouco por acaso em outubro desse ano, para presentear no Natal os que amava.
E assim, agradeço, diariamente, a segunda oportunidade que me foi concedida, imaginando que seja por isso e por aí, por este caminho, também, a razão pela qual ainda por cá estou…
O QUE SENTE QUANDO ESCREVE?
Rogelia Proença - Pela escrita, sinto que encontro Luz, Paz, calma, soluções, caminhos de construção e partilha com o Outro.
Quem escreve, e quando se escreve, inscreve-se numa outra dimensão que nos concede a Liberdade de um corpo, um campo exterior ao que somos e para onde enviamos uma parte de nós, como se transferíssemos e nos transferíssemos para uma cloud mística, onde há essa partilha real com o Outro. Partilha que nos é recusada por vezes no mundo real.Sente-se que a Palavra tem poder criador, regenerador. É Vida, é energia, é o Verbo do princípio criador do Génesis. Quer se seja ateu ou crente.
Acontece-me, frequentemente, escrever e não saber bem por onde vou nem o que vou escrever, mas, quando sinto que um poema, ou uma crónica, uma prosa poética terminou, há uma espécie de realização plena…de Silêncio, de missão cumprida.
Com os contos e a ficção é bastante diferente, claro… Imagino as personagens, os locais, o tempo, incarno sentimentos, sensações e construo todo um enredo com o objetivo de passar uma mensagem, óbvia ao leitor, quando finda a sua leitura integral.
Mas, voltando à questão…Quando escrevo, sinto-me eu.
Como vê a Literatura em Língua Portuguesa?
Rogelia Proença - Vejo a Literatura em Língua Portuguesa necessariamente associada à Cultura, à História, de que ela é veículo, e à raiz do que é ser-se Português.A Literatura traduz as vivências do povo que somos, com as nossas idiossincrasias, desde a literatura galaico-portuguesa até à actualidade
Não vejo a Literatura desfasada da cultura e penso que a mesma em língua portuguesa deverá servir para veicular particularidades deste povo que somos, nesta “ocidental praia lusitana” (Camões), qual “rosto da Europa” (F. Pessoa), mas também para se abrir ao mundo, construir pontes e afirmar-se no espaço da Lusofonia, sem nunca perder a sua identidade.Sem este passado não haveria sequer o espaço literário da Lusofonia, em toda a sua diversidade, de tantos falantes de Português, no mundo inteiro…
Como está a correr a venda do livro mais recente, Papel de Seda, livro de poesia a solo? É o primeiro? Pensa em publicar mais?
Rogelia Proença - Este meu 4º livro de poesia a solo, Papel de Seda, Árvore e Asa tem sido muito bem aceite e apreciado pelos leitores que se identificam e partilham frequentemente poemas meus nas redes sociais, ou excertos dos mesmos, combinados com belas fotos.
A venda tem corrido bem, nos vários eventos literários, locais, cidades e feiras do livro em que participei, sendo que os leitores apreciam também os elementos paratextuais, o título em sentido metafórico e a sua associação á fotografia da capa, um espaço no coração do Parque Natural da Serra da Estrela, o Covão d’Ametade, onde nasce o rio Zêzere. Esta foto, da autoria da minha filha Inês Jorge, pertence a uma colecção que já esteve patente em exposição (Hanging Gardens) e intitula-se A Gate to Paradise.
Pode ser adquirido por solicitação direta à autora, através das suas páginas de facebook (Rogélia Prroença), para envio direto com dedicatória para qualquer parte do país/ mundo. Penso obviamente em publicar mais, pois escrevo constantemente e tenho outro quase terminado. Contudo, desejo fazer uma escolha criteriosa da ordem dos poemas e sinto que não é ainda o momento certo para lançar outro livro.
Qual o(s) tema(s) sobre os quais gosta mais de escrever?
Rogelia Proença - A Vida é o tema. Em todo o seu assombro…
O que acha dos escritores nas redes sociais?
Rogelia Proença - Vejo a promoção da leitura, e da literatura e cultura em geral, como uma batalha que urge travar em prol da valorização das gerações e, para isso, a internet poderá ser uma arma, se se aliar (e não opuser ou substituir) à leitura, promovendo, efetivamente, de forma atrativa, a vontade de ler e adquirir o livro.
No mundo global em que vivemos, o Autor aliado ao trabalho do editor, deve também partilhar a sua obra e promover a sua leitura, pois é esse o seu primordial objectivo. Claro que há, por vezes, excessos nesta aparente “feira das vaidades” em que as redes sociais se tornam…
Que mensagem deixaria aos escritores que estão a começar?
Rogelia Proença - Uma mensagem de incentivo.
Penso que cada Autor tem uma voz própria, uma missão específica, única e irrepetível.Mas o trabalho é árduo, a luta constante e a gratificação nem sempre chega, independentemente do valor que se tenha, sempre subjetivo. Creio, ainda assim, que deverá existir uma maior selecção em termos de qualidade, pois nem todos os nossos autores trazem alguma novidade/originalidade…vê-se muita produção, mas o bom Português, a qualidade dos textos devem também ser valorizados nesta selecção.
Para terminar, agradeço muito a oportunidade de responder a esta entrevista para uma revista de divulgação de autores, publicação luso-brasileira. Espero que os Leitores gostem dos meus livros e me façam chegar as suas opiniões e partilhem os meus poemas …!
Esta foi a entrevista a Rogelia Proença, uma autora portuguesa em crescimento e apaixonada pela sua pátria, a língua portuguesa.
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Imagem de divulgação da enrevista