RÓTULOS
Bastou entrar no supermercado e pegar a lata de sardinha, para “a” metáfora pular aos meus olhos.
Num período histórico em que a própria humanidade se “coisifica”, esta figura de linguagem torna-se um pleonasmo. Metáfora, “contra-metáfora”, ou pleonasmo... não posso me furtar de discorrer sobre isso.
Se a essência de meu pensamento se fizer entendida, sem que haja visualização apenas da “embalagem”, dou-me por satisfeita!
Espero que ninguém se choque, pois a mais importante destinatária desses escritos sou eu.
Peguei a latinha de sardinha, pensando, primeiramente, em seu conteúdo. Foi, nesse exato momento, que a metáfora veio ao mundo. Pensei nas embalagens que circulam por nossa sociedade consumista e também no “Eu-etiqueta”, de Carlos Drummond de Andrade.
O que chama a atenção de qualquer consumidor, à primeira vista é o que se encontra registrado, de imediato, no primeiro ângulo de visão: conservantes... data de fabricação... prazo de validade... cor da lata... fabricante...
É! As embalagens podem ser lidas sob diversas óticas, mas sem o “conteúdo”, nenhuma importância possuem!
Trazendo a comparação, grosseiramente, para nossas vidas, penso que as leituras realizadas por nós, dependem muito dos ângulos escolhidos. Sob a leitura de alguns, congelamos no tempo (na infância, ou na idade da cútis macia), para outros somos velhos demais! Alguns nos congelam em atos de carinho e alteridade, outros nos lembram nos momentos de diversão, ou tristeza... outros, ainda, se lembram dos obstáculos e vitórias. Na verdade, os amigos sempre lembram de nossos atos, com a “lupa” do amor.
Quem somos? Pergunta sem resposta!
Transitando, radicalmente, do supermercado para o hospital, somente um “não-especialista” dará conta de tanta complexidade.
Feita a biópsia de nossas multifaces, restará a cada “leitor” um excerto do texto total...
No que se refere à alma, somente quem a focalizou, com a tão singela “lupa”, poderá esboçar o laudo e rabiscar os principais traços do “ser” amigo.
De uma coisa tenho plena consciência e, agora volto, novamente, para as embalagens do supermercado: “ser humano” não possui prazo de validade, mas sim o poder inesgotável de “crescer”!