Sangro-me
esvaio-me
e morro nas palavras que me atravessam
a garganta
a alma
e a língua
nuas de prisões.
Sorvo da poesia todos os cantos;
o mais terno
o mais mordaz
o mais acutilante.
Perseguem-me lobos
famintos
e eu sobrevivo à censura
como quem arrecada a última gota de vida.
In “Paradigmas - Poesia“
Coletânea Edições Colibri, 2016