Por Shirley M. Cavalcante ( SMC )
Sara L. Lima, 41 anos, polivalente, lida com as mais diversas formas de arte, desde a literatura à escultura, passando pela música. É jornalista, tradutora e escritora tomando o resto como hobbies "até que sirvam para alguma coisa". Ao longo da vida já foi auxiliar de arqueologia, formadora, locutora de rádio, participou em peças de teatro amador, uma das quais escrita pela própria, outra uma revista à portuguesa, dança por prazer, gosta de desportos náuticos, ténis e equitação. Apaixonada por história, esoterismo, espiritualidades, entre outros temas, faz disso base de pesquisas diárias, devido à sua facilidade com as línguas, fala/escreve várias, faz-se entender em outras tantas e estuda línguas mortas como o sânscrito, o grego clássico e e o aramaico. É também Mestre Formador e Terapeuta em Reiki, sistema holístico de cura física e espiritual.
“Creio que as pessoas lêem muito pouco e tendem a ler cada vez menos em Portugal. Isso não é por falta de bons autores, é por falta de vontade, de sentir o prazer de ler.”
Boa Leitura!
Divulga Escritor - Escritora Sara, é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos em que momento pensou em publicar o seu livro “Partilhas”?
Sara - Foi um impulso, brincava com a ideia de um dia publicar um livro, desde há muitos anos, mas o Partilhas foi efectivamente um impulso... quando enviei o número de textos pretendidos a seguir pensei "mas o que é que eu fiz?"... no entanto quando saiu, um mês e pouco depois, senti-me apaziguada. Assim, creio ter cumprido um objectivo com essa publicação.
Divulga Escritor - Que temas você aborda nesta obra literária?
Sara - Poesia, prosa poética, reflexões. Falo sobre a vida, problemas existenciais, reflexões sobre o mundo, as pessoas, falo sobre o amor, a paixão, o desejo... creio que de uma forma ou de outra, não entrando na prosa ficcional, a poesia é a melhor vertente para expressar o que nos vai dentro e de outro modo não saberíamos expôr de forma tão poderosa.
Divulga Escritor - O que a motivou a escrever sobre estes temas?
Sara - Desde as vivências pessoais até às meras considerações sobre aquilo que vejo e ouço podem levar-me a escrever um texto. Escrevo sobre aquilo que me fala à alma, sempre que algo o faz, seja belo ou doloroso. Sou uma pessoa demasiado sensível aos sentimentos e emoções expressos ou reprimidos quer meus quer alheios, tudo o que escrevo tem a ver com isso. Posso dizer que os meus motivos são efectivamente as emoções.
Divulga Escritor - Pensas em publicar novos livros? Nos conte quais os seus principais objetivos como escritora.
Sara - Penso publicar, não sei quando, nem sei bem de que modo. Há algum tempo ando em trabalhos paralelos entre a ficção histórica e o meu modo habitual de escrever, a poesia/prosa poética. O primeiro género, necessita de um tema-base e muita pesquisa, é portanto um trabalho muito menos íntimo, no entanto é fascinante. Já a poesia, é pessoal. É o que considero o meu estilo. Como sempre gostei de explorar várias vertentes, vamos ver como me darei com a narrativa. Por ora não tenho exactamente objectivos. Vou escrevendo. Quando considerar (se considerar algum dia) digno de publicação, fá-lo-ei. Mas a escrita em mim é algo nato. Como respirar.
Trata-se de uma necessidade e não propriamente de atingir uma meta através dela.
Divulga Escritor - Onde podemos comprar o seu livro?
Sara - Através do website do poesiafãclube, existe o link "store" onde ele se encontra. É fácil chegar a ele através da pesquisa do próprio site, que o disponibiliza em versão e-book e papel. Pelo nome é simples aceder a ambas as versões.
Divulga Escritor - Sara, você, além de ser jornalista e escritora é Artista Plástica. Em sua opinião, qual a relação e o diferencial entre as Artes Plásticas e a Poesia?
Sara - As artes estão todas interligadas, seja qual for o estilo que se escolha, o diferencial é à vontade com que cada pessoa se sente em relação às diferentes formas. Pessoalmente sinto-me tão à vontade a trabalhar numa peça artística como a escrever, aplico as emoções nas mãos e sai o que desejo. Como cada um interpreta depois o que lê ou vê, é algo também pessoal, porque eu escrevo, como referi, bastantes considerações e reflexões existenciais, pode sentir-se o mesmo tipo de emoção observando as linhas de uma pintura ou escultura. Já é uma perspectiva do observador.
A minha relação com as diversas formas de arte sempre existiu, não me recordo de não escrever como não me recordo de não desenhar. O que aplico a um também aplico a outro... a linha que separa as diversas expressões artísticas é para mim tão ténue que não a consigo discernir bem. Mas é facto que por vezes opto por me expressar de um modo e por vezes de outro, depende de desejar que exista uma empatia emocional ou que cada um se reveja simplesmente no que está na sua frente, e o transporte para as suas próprias vivências.
Divulga Escritor - Conte-nos sobre o projeto com o Solar de Poetas, quais os principais objetivos e atividades?
Sara - A minha ligação ao Solar é curiosa porque foi um dos primeiros locais onde comecei a deixar sair os meus textos à luz do dia. Não tinha sequer publicado o Partilhas, isso veio pouco depois. O projecto em pauta vem adicionar a vertente áudio-vídeo à escrita, em vez de apenas imagens. É um projecto ainda a ser delineado, estamos no papel, enumerando as possibilidades, até onde pode chegar é impossível dizer por ora. Pelo menos para mim. Como também fui jornalista/locutora de rádio, quem sabe o que se consegue fazer numa TV online? Entrevistas in loco, coberturas vídeo de lançamento de livros e eventos afins, declamação filmada, emissão em colaboração com outros poetas, rubricas diversas... bom, consegue fazer-se muito. É um projecto apaixonante, que decerto será bem sucedido. Para responder a isso creio que o José Sepúlveda conseguirá abranger mais do que eu, porque tem uma angular imensa.
Divulga Escritor - Quem desejar participar do projeto como deve fazer?
Sara - Poderão falar directamente com o poeta José Sepúlveda, através do Solar ou a nível pessoal, ou, se preferirem, eu mesma os encaminharei nesse sentido.
Divulga Escritor - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?
Creio que as pessoas lêem muito pouco e tendem a ler cada vez menos em Portugal. Isso não é por falta de bons autores, é por falta de vontade, de sentir o prazer de ler. As redes sociais, os jogos na internet e outros que tais, quase retiram a convivência entre as pessoas e por outro lado "preenchem" de forma ilusória a "solidão" de cada um. É muito difícil lutar com isso num mundo em que cada vez mais nos regemos pela tecnologia.
O problema em Portugal não é o mercado literário. São as pessoas. Já se contam pelos dedos as que realmente apreciam passar uma tarde aconchegados com um bom livro. Talvez fosse melhor pensarmos em "quais as actividades/acções que podemos trabalhar para que o interesse das pessoas pela literatura ressuscite".
Divulga Escritor - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a escritora Sara L. Lima, que mensagem você deixa para nossos leitores?
Sara - Obrigada eu pela oportunidade, a Divulga Escritor é, na minha opinião um trabalho imensamente meritório, devem continuar, expandir, ampliar porque as letras são um mundo e cada um de nós contém outros mundos dentro. Imagine o potencial desses mundos unidos num objectivo literário comum.
Quanto aos leitores... não desistam. Nem de escrever nem de ler. A literatura é um vasto manancial onde se consegue preencher muitas daquelas coisas que nos faltam e nem sabemos que faltavam até compreender que não estão lá. Sim, a mensagem é mesmo "jamais desistir".
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