Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Sarah Moustafa, nasceu em Newark, foi cedo para Portugal, a necessidade de escrever o que a imaginação e a consciência lhe ditavam aconteceu desde que se lembra de ser quem é. A escrita é um refugio e descoberta de si mesma. Do mundo e dos outros. Sendo que é o auto-conhecimento e auto aperfeiçoamento do corpo e da alma que a sustentam no trabalho que faz através de qualquer expressão literária onde coloca o seu cunho. Escreve poesia, prosa, contos e crônicas reflexivas com toda a particularidade que uma alma pode ter.
“É onde eu transponho todo o meu universo de imaginação e fantasia e o materializo, consolido em algo realmente palpável. As palavras são esse veículo, esse portal de transposição entre os dois mundos. É em ultima instância, onde me sinto “pessoa” com a plenitude de todas as faculdades comportadas a essa definição.”
Boa Leitura!
SMC - Escritora Sarah Moustafa, para nós é um prazer tê-la conosco no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a escrita significa para a Sarah? De que forma começou seu gosto pela escrita?
Sarah Moustafa - Olá Shirley, é com todo o prazer que participo neste projecto de divulgação. Para mim é sempre difícil distinguir o elemento catalisador da escrita pois é sempre uma linguagem tão inconsciente que discernir quando ou porquê começou é algo cuja resposta nesse mesmo inconsciente reside. Contudo desde que aprendi a ler e a escrever esse desenvolvimento notou-se naturalmente na escola e nunca mais parou. A escrita é uma extensão de mim mesma, é onde me perco e encontro vezes sem conta na pluralidade e contradições que me revestem. É onde eu transponho todo o meu universo de imaginação e fantasia e o materializo, consolido em algo realmente palpável. As palavras são esse veículo, esse portal de transposição entre os dois mundos. É em ultima instância, onde me sinto “pessoa” com a plenitude de todas as faculdades comportadas a essa definição.
SMC -Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas?
Sarah Moustafa - Não existe na minha pretensão chegar a qualquer público especifico, existe uma alma liberta em palavras com quem alguém se pode identificar e reconsiderar nas minhas reflexões. Não tento passar nenhuma mensagem que não seja naturalmente a da inteligência emocional. Tudo aquilo que em mim pensa é o que em mim sente, devidamente esse eco repercutirá a qualquer pessoa. Todos carregamos emoções, mas não temos que carrega-las, mas antes explora-las e canaliza-las da melhor forma. A escrita é a minha forma.
SMC - O que mais lhe inspira a escrever?
Sarah Moustafa - A inspiração é também uma questão extremamente subjectiva sobre a qual já ponderei e sinceramente a qual não sei responder. Não sei o que me inspira em termos de classificação. Tudo e nada me inspiram. A dimensão humana aliada á dimensão da imaginação é incontrolável de sortir e como tal as mais pequenas banalidades, ou grandes complexas verdades, suscitam sensibilidade e vontade intensa de o fazer. É muitas vezes um impulso de escoar uma sensação para o papel, sem sequer pensar no que isso representa e qual a sua origem.
SMC - Quais, escritores, são as suas referências literárias? Por que eles se tornaram uma referência para você?
Sarah Moustafa - Fernando Pessoa e Florbela Espanca são duas grandes inspirações literárias porque na grandiosidade do seu trabalho, revejo e identifico-me bastante com a forma que abrem o seu riquíssimo vasto mundo interior e as suas complexidades e contradições inerentes na busca do autoconhecimento do ser. Considero esse o caminho da nossa evolução, o caminho dentro de nós mesmos e ambos os autores personificam não só essa premissa como a da alma, não há um canto do trabalho deles que não seja apenas e só essa função magnífica de repercussão humana, o intelecto é apenas o veículo que se utiliza, nunca a essência.
SMC - De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?
Sarah Moustafa - Eu divulgo todo meu trabalho literário no meu blogue pessoal https://lualibra.blogspot.pt/, e também no https://penseforadacaixa.com, onde faço algumas participações e igualmente na minha página de facebook.
SMC - Além de escrever, quais os principais hobbies da escritora Sarah Moustafa?
Sarah Moustafa - Ler e observar o mundo em redor são dois complementos importantes ao processo da escrita, e é essa actividade, conjunta ao acto de viver que se transmuta no aperfeiçoamento que busco como individuo e consequentemente como participante no colectivo. Astrologia é também uma grande paixão que desenvolvo em comunhão com os meus processos criativos, toda a sua linguagem simbólica e milenar são intemporais e fundamentais para perceber muito do que me reveste e aos outros nesta realidade e potencialidade humana. Astrologia é como a Literatura, Arte, ainda que a concepção da maioria seja erroneamente percepcionada, vale a pena estuda-la e aplica-la como uma acção consciente de todo o nosso inconsciente.
SMC - Quais os seus principais objetivos como escritora? Pretendes publicar um livro?
Sarah Moustafa - Não tenho objectivos e metas definidas em relação á escrita, talvez porque ainda escreva muito para mim mesma. Esse é o objectivo principal, a autenticidade do meu trabalho e a identificação alheia no mesmo. A ideia de que alguém se pode sentir confortado no seu vazio emocional com as minhas palavras, é me suficiente. Costumo dizer que eu escrevo por “amor á camisola” e não com algum intuito monetário no mesmo. Se vier melhor, mas se não vier fica tudo bem na mesma. Quero deixar todo este processo fluir naturalmente e o mesmo aplica-se a possível edição de um livro. O tempo o dirá.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?
Sarah Moustafa - Não tendo um conhecimento de causa profundo sobre o assunto, não me sinto confortável para emitir opiniões objectivas e concisas sobre o mesmo. No entanto, considero que é um mercado no geral mal direccionado em relação á qualidade de trabalho no qual é apostado. É limitador e muitas vezes pouco empreendedor e original nas edições feitas em base de números e não de relevância de mensagem, no entanto esse também é um reflexo da sociedade e daquilo em que ela aposta como cultura, e como em qualquer mercado existem bons e maus profissionais. Não generalizo, existem correntes positivas que apostam sim em autores desconhecidos e menos desfavorecidos. É tudo uma questão de procura e faz tudo parte do desafio de nos construirmos e expandirmos dentro desse próprio mercado.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor a Escritora Sarah Moustafa, que mensagem você deixa para nossos leitores?
Sarah Moustafa - A mensagem que gostaria de deixar é aquela que repito incessantemente em cada palavra que redijo, a da sensibilidade perante nós mesmos de nos aceitarmos e transcendermos dentro de cada falha e cada erro que cometemos nesta travessia de vida, cada brecha pode ser a oportunidade para um sonho entrar e uma descoberta alargada de oportunidades dentro de nós mesmos. É importante reconhecermo-nos, trabalharmo-nos para que então nos possamos amar. Que devemos sempre alimentar as pequenas particularidades que nos individualizam, como os processos criativos. Seja quais forem, explorem-nos obsessiva e intensamente, é por aí que nos tornamos autênticos.
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