Pisando nesse chão devagarinho...
O texto aqui apresentado tem por finalidade promover uma reflexão sobre os sentidos e significados da prática docente. A partir da análise e reflexão da própria prática docente, acreditamos ser possível ampliar a compreensão sobre a complexidade desta prática, questionando e superando visões simplistas da mesma, por meio de análise crítica do fazer docente.
Schõn (2000, p. 226) afirma que, atualmente não é mais possível associar a docência à vocação, ao amor, à abnegação, à doação e à missão, vinculando “o ensino como transferência de informação e a aprendizagem, como o recebimento, a armazenagem e a digestão de informações.” Para ser professor, cumprindo seu papel social, não basta gostar de ensinar e dominar conhecimentos específicos de determinada área e algumas habilidades técnicas. É preciso algo mais, é preciso, como diz Shulman (1987), um conjunto de conhecimentos articulados e colocados em ação. Na verdade, Shulman coloca o trabalho docente em bases cognitivas, vislumbrando e materializando a docência enquanto atividade e profissão.
Sendo a formação docente um processo contínuo, sistemático e organizado, é possível inferir que ela percorre toda a carreira profissional. Assim, é ao longo do exercício profissional que o professore adquire conhecimentos e desenvolve habilidades e atitudes que favorecem um ensino de qualidade.
A proposta é para que nós professores nos tornemos protagonistas de nosso processo de aprendizagem, produzindo a transformação do pensar sobre a própria prática docente e a dos colegas, convertendo informação em conhecimento docente. Neste contexto, podemos nos fortalecer e encontrarmos caminhos e suportes para o nosso desenvolvimento profissional. A ampliação de sentidos e significados da prática docente pode figurar como um investimento na própria formação continuada, criando condições para que o professor se veja como alguém com condições de ser sujeito de sua ação profissional.
Refletir sobre a nossa ação docente envolve um grau de complexidade que exige maturidade profissional, mas quando percebemos que somos seres limitados, porém em busca de transformarmos e ampliarmos os sentidos e significados de nossa prática docente nos vemos afetados, não apenas cognitivamente, mas fisicamente, numa teia de conflitos e incertezas.
REFERÊNCIAS
SCHÖN, D. A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SHULMAN, L. S. Knowledge and teaching: foundations of new reform. Harward Educational, 1987.
Publicado em 22/02/2014