Silenciosamente - por Alves dos Santos

Silenciosamente - por Alves dos Santos

Silenciosamente

 

Neste silêncio

Que se faz sentir com todo o seu peso

Que vozes ecoam em mim?

 

Que memórias preenchem

o espaço que sinto vago?

 

Que sons são estes

que retinem numa insistência alarmante?

 

Forço-me

por afastar estas lembranças,

que numa estranha

simultaneidade

acalmam e afastam a solidão

 

Vagueio

nestes escassos metros quadrados

Prisioneiro

numa cela que já foi liberdade

Estranho

num lugar onde me completava

 

Observo

agora a cidade muda e distante

Imune

aos tormentos dos habitantes que por ela deambulam

Semi-ocultos

nas suas sombras

Escondidos

da luz solar que lhes acicata os medos

E desmascara os infortúnios

 

Distraio-me

a observar a suave luz deste

tímido e plácido luar

Que rasga a escuridão deste

quarto álgido, sem o aquecer

 

Um quarto despido

do supérfluo que o tornava aconchegante

Despido

do calor que nos animava

 

Despido sobretudo de ti

 

 

 

 

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