Sofia Moreira - Entrevistada

Sofia Moreira - Entrevistada

Por João Paulo Bernardino - escritor

 

Psicóloga Clínica de Formação, 13 anos de experiência hospitalar.

Gosto de luz. De amor e paixão. De pessoas dedicadas e intensas. Adorei exercer a minha profissão, fui feliz e realizada na relação humana e terapêutica com cada pessoa com quem tive o privilégio de me cruzar.Neste momento planeio workshops com o legado de tudo o que aprendi, e investindo nos pressupostos da Psicologia Positiva.

Empenhada na divulgação dos meus livros. Que já passearam nos " Livros do Parque" em Loures. Vão passear por Oeiras, por Faro, nas bibliotecas municipais destas cidades que se interessam por "novidades".Estou em modo terceiro livro quase pronto. Co autoria com amiga e colega de Profissão. Um livro surpreendente, apesar do tema ser complexo. Um livro que alimenta a esperança na adversidade. 

O mais importante. Sou mãe. O meu filho é lindo. Tem 4 anos e chama-se Vicente. Sou muito ligada à família e a pessoas generosas. Tenho poucos, mas excelentes amigos.

 

Boa Leitura a todos!

 

JPB - Obrigado Sofia Moreira por me conceder esta entrevista. Gostava que nos falasse resumidamente de como se define como escritora e do que tratam as suas obras?

Sofia Moreira - Grata fico com a delicadeza. É engraçado que, não me defino como escritora. Ainda não vesti essa “pele”. Escrevinho sentimentos. No entanto, o que me sai da alma apela, SEMPRE, ao meu lado de contadora de histórias e com base no material afectivo que em mim habita. Os meus livros são transversais. Gostaria que fossem bonitos para as famílias. Retratam amor, apego, fantasia, partilha, generosidade e sobretudo a necessidade de transmitir mensagens, vivências da minha cosmovisão.São ilustrados, porque considero que as palavras não se dissociam da imagem. Têm cor porque a vibração que desejo que emanem está inscrita numa paleta arco-íris.

 

JPB - Sendo a sua área profissional de Psicologia Positiva, crê que quem leia os seus livros infantis ou os seus textos em revistas nota o quanto privilegia na vida a relação humana e terapeutica? De que modo?

Sofia Moreira - Estou em crer que a minha formação de base, bem como a experiência que adquiri, estão impressas na leitura. E acredito que aquilo que “ganhei” (que foi por certo muito mais do que dei) se encontra dentro de mim. O respeito pela dignidade humana. A aposta em que devemos dar a mão ao “outro” e olhar para dentro “dele” premeia e enriquece a minha intenção de ser altruísta, de procurar que faça sentido a quem me lê, pese embora a vida tenha muitas adversidades, podemos e devemos sempre compreender, aceitar e marcar a diferença, por mínima que possa ser. Os Psicólogos não têm receitas milagrosas, mas devem acreditar que no “entre” (laçados) junto de quem nos procura, somos quem escuta activamente, quem não julga e não condena.

 

JPB - No livro “PARA TI” denota-se o quanto a família e sobretudo o seu filho Vicente, de 4 anos, é importante na sua vida e, sobretudo, na sua escrita. O que a levou a escrever esta história e qual a mensagem que pretende passar?

Sofia Moreira - O Vicente é “a” maravilha da vida. Escrevi este livro para que ele, um dia, sinta o quanto foi, é e será o amor incondicional da vida dos pais. E porque numa gravidez nem tudo é um romance, também, pretendo que seja um desmistificar do processo. Sabendo que cada momento é único e irrepetível. O Vicente é aquele que vence. Neste caso, ambos ultrapassámos com mérito, 34 semanas de amor, de enlevo profundo, de sustos, de medos, de risco de vida. E para que a memória nunca me possa atraiçoar, fica tudo que julgo importante. Todos os simbolismos associados a uma história com final feliz.

 

JPB - Considero-a uma pessoa que priviligia o bem estar da família e a solidareidade entre as pessoas. No seu livro “PINGO PERNALTA NAS LUZES DA RIBALTA” quis realçar estes valores  e a sua visão sobre a vida por alguma razão específica?

Sofia Moreira - A visão que pretendo deixar é que vivemos tempos conturbados. E retratei um Flamingo, que privilegia a amizade (que nos escapa tantas vezes), a curiosidade em aprender e reflectir (que não nos imponham as coisas como verdades absolutas), a viajar por outras paragens (mesmo que estejamos sentados no sofá), a deslumbrarmo-nos (e sentir que afinal não é assim tão fantástico), o sentido de pertença (tão fugidio actualmente), o sentido de família (tão descrente nos dias de hoje) e sobretudo, ser corajoso, arriscar, partilhar e voltar ao porto de abrigo, à zona de conforto.

 

JPB - Colaborou regularmente no curso de Operadores de Prevenção de Alcoolismo e Toxicodependências no Centro de Segurança Militar. Sente necessidade em algumas das suas obras de falar sobre drogas, alcoolismo e doenças oncológicas? Qual a verdadeira mensagem que quer transmitir?

Sofia Moreira - Colaborei enquanto psicóloga e formadora no âmbito da saúde militar. Trabalhos completos, onde os poemas de Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa abriam a porta ao tema. Com uma especificidade “viciante” mas não dependente. Informei. Partilhei experiências e saber, de acordo com o experienciado num contexto hospitalar com patologias extremamente complexas e difíceis de tratar. Sentimentos de frustração, mas também o sabor doce de ter contribuído para o bem-estar de alguém. O ser humano é sobejamente perfeito. Por isso sempre apelei à essência e não à consequência de estados de alma alterados por substâncias devastadoras. Nós bastamo-nos.

 

JPB - É colaboradora na Revista Virtual BLISS, do Colégio Atlântico, com artigos dirigidos aos adolescentes? Como vês estes jovens inseridos numa sociedade que atravessa actualmente graves problemas sociais e sobretudo culturais?

Sofia Moreira - Curiosa a pergunta. A propósito do tema anterior, a porta foi mais ou menos fechada. Sugeriram-me que falasse apenas de coisas “bonitas”. Fiz dois artigos, desmistificando o processo da adolescência e entendi que qualquer jovem, professor, tutor, deve estar informado. E como sinto que a vida é repleta de “armadilhas” não prossegui a colaboração. Mas gostei do convite que me fizeram e dei o meu melhor.

 

JPB - Muito se fala que apenas quem tem dinheiro é capaz de publicar neste país. Se pudesse, que medidas tomaria para que os escritores que querem dar os seus primeiros passos pudessem editar com maior quantidade e qualidade?

Sofia Moreira - Gostaria que as Editoras fossem honestas, acima de tudo. Senti, no meu primeiro livro, lá está, deslumbrei-me com o adocicado que me propuseram. Desiludi-me. Atrevo-me a dizer que fiquei extremamente desmotivada e triste. Angariam o dinheiro e a partir daí, o interesse termina. Não divulgam, não ajudam genuinamente. Caí no engodo. No segundo livro, correu bem. Excelentes profissionais que em nada falharam. Acredito que tinha de acontecer assim. Escrever em colectâneas, sem a pressão de pagar, é autêntico. Sem o peso aos ombros…”investi tanto e agora?”. É interessante a perspectiva de escrever e ler com ilustres desconhecidos, que se deste modo não fosse, nunca conheceria, nunca teria o prazer de me cruzar.

 

JPB - Crê nos sonhos dos homens? Como escritora, quais são os seus?

Sofia Moreira - Creio que há muitos sonhos, mas sinto-os, por vezes, inconsequentes. Não acredito no facilitismo. Sem dedicação, esforço, empenho e resiliência, os sonhos são utópicos. Embora, a perspectiva onírica também me interesse e suscite a minha curiosidade, um sonho para mim é fazer acontecer. Sonho que, fruto da minha entrega, a vida será generosa comigo. Já o é. Tenho saúde, família, amigos verdadeiros e projectos em concretização. Sonhar é agir.

 

JPB - A que estaria disposta a fazer para promover uma maior participação activa dos mais jovens escritores em relação à literatura portuguesa?

Sofia Moreira - Levá-la ao berço. Caminhar nas estantes de casa. Dar a conhecer o bom que temos. A diversidade. A beleza. Ler histórias aos nossos filhos, alunos, pais, avós. Convidar a escola a ir a bibliotecas e vice-versa. Tornar a leitura mais lúdica e menos aborrecida. As canções da Maria, são um bom exemplo de que é possível aprender a cantar, porque não aprender a teatralizar, a dinamizar grupos, a ler poemas com música, a seduzir com afectividade os jovens que se detêm no mais fácil e a meu ver no menos prazeroso.

 

JPB - Agradeço uma vez mais a disponibilidade e carinho que nos deu para esta entrevista. Para terminar, diz-se que “escrever é um acto de amor”. Sendo a Sofia uma mulher apaixonada pela vida, uma pessoa que transmite luz e esperança na adversidade, que pretende transmitir com o seu livro a editar em breve como co-autora?

Sofia Moreira - Um livro que embora retrate um universo de cronicidade física, possa ser lido com magia e fantasia, com histórias reais e outras que surgiram da nossa criatividade. Um kit de humor, amor, medicação, rigor, mas acima com esperança renovada e reciclada. Como diz o cliché “há males que vêm por bem”. É esta a nossa missão e mensagem. Não pretendemos que as pessoas se acomodem, mas que se inquietem e que procurem o lado “solar” mesmo nos dias em que só apetece acordar quando o pesadelo terminar. Há mais vida para além da doença, é o que desejamos enfatizar.

Obrigada pela cordialidade, pelo sorriso e pelo sentido prático, genuíno e autêntico.

 

Contato com a escritora Sofia Moreira

https://www.facebook.com/pages/Para-ti-Os-dias-e-as-noites-nunca-mais-duraram-o-mesmo-tempo/408592922606708

 

https://www.facebook.com/sofia.moreira.56829

 

https://www.facebook.com/pages/Livro-Pingo-Pernalta-nas-Luzes-da-Ribalta/289728807854713

 

Contato com o entrevistador João Paulo Bernardino (JPB)

https://www.facebook.com/pages/Jo%C3%A3o-Paulo-Bernardino-Escritor/714362628587284

 

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