Sábado! Ufa! Folga de uma semana corrida e extressante. O melhor de tudo é que ambos, marido e mulher, coincidiram em suas "folgas".
Último dia do mês! Armários praticamente vazios, quase zerado, os suprimentos. Mais tarde, ida ao super, abastecer as prateleiras. Devagar, com toda a calma do mundo. Amanhã, domingo mais um dia tranquilo ainda.
Satisfeitas ficamos deitadas com o amado, curtindo, um bate-papo de mãozinhas dadas, fazendo planos para o futuro, sonhanhando planos de amor, descanso e bem estar. "Uma viola, uma casa, uma varanda e uma rede..."
e vez em quando um abraço, um carinho e assim o tic-tac vai engolindo nosso tempo.
É hora das compras. Levantamos e vimos que já é bem tarde. Hoje, o almoço atrasa bastante! Não faz mal, temos o dever de nos dar o direito de relaxarmos juntos de vez em quando. Pelo menos isso!
Levantamos cheios de carinho e de olhares ternos trocados.
Estamos saindo e... priiimmmm. A campanhia nos chama para abrir a porta e... Surpresa! Amigos que não vemos a tempos nos sorriem felizes na calçada.
Entram, sentam e papo e papo. As horas são velozes como
um corsel indomável. E nós ... em cólicas, até que ouvimos um: _Amor, faz uma comidinha prá nós? Se nosso olhar fulminante tivesse poder, ficaríamos viúvas na hora!
Será que esse cara anda comendo queijo demais? Será que não lembra que estamos a zero? Educadas que somos, levantamos do sofá, como se pesássemos uma tonelada. Uma, não. Duas!
Mas fulano me paga por esse mico... quando eles forem embora... Ah! Se paga... Ele vai ouvir o que nunca ouviu até hoje. O que eu faço? Jesus... Socorre-me!
Abrimos os armários e nossos braços caem ao longo do corpo.
Aumenta nossa ira contra àquele, que há poucos minutos atrás, estava nos fazendo felizes, planejando nossos sonhos. Se não fosse feio, jogaria uma panela no meio da sala. Mas o que os amigos pensariam? Coitada! Está surtando! Ainda seríamos nós, as rés culpadas, pelo tribunal!
Apelamos para o improviso. As vezes fazemos receitas, nunca pensadas em dias normais. E sai o tão surprendente almoço. Surpreendente literalmente. Não contávamos com bocas a mais. Não contávamos com o desespero de parcos ingredientes e, muito menos, com o pânico de ter que improvisar. De ter que tirar penas de um boi...
Finalmente, os inocentes e queridos amigos (queridos de verdade mesmo), saem de nossa casa felizes e gratos, por receberem, como sempre, tanta atenção e carinho. Sem saberem o rastro de "sangue, suor e lágrimas" que deixaram atrás de si.
Ah! Agora chegou a minha vez, pensamos. O culpado pelos tango e tragédia, chega sorridente, dizendo que somos a melhor cozinheira e esposa do mundo. A é? Então escute umas palavrinhas doces de amor, " meu querido"!
Entretanto, ficamos tão tensas e extressadas que dói cada músculo. Acho que até o nariz e as orelhas doem!
Estamos tão desgastadas que emudecemos. As palavras pegaram o primeiro avião e fugiram de medo de nós mesmas. Tudo o queremos é um banho e cama. E o supermercado? E os armários vazios? Ficam para amanhã bem cedo e sem planos antecipativos.
E os planos e os sonhos? Realizaremos no dia que Deus determinar. Tudo tem o Seu tempo. Até as visitas inexperadas, apesar de amadas!
Publicado em 17/02/2014