Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Suzete Fraga nasceu em Guimarães, há 38 anos. Ingressou no mercado laboral aos 16 anos, nos têxteis, onde permanece até aos dias de hoje. Depois de concluir o secundário através das Novas Oportunidades, e seguindo o concelho dos seus formadores, fez uma formação de escrita criativa (com o Pedro Chagas). Participou em várias coletâneas, campeonatos e concursos literários, tendo sido distinguida com dois primeiros prémios e um terceiro lugar. «Almas Feridas» é o seu primeiro livro. É uma compilação de todos os trabalhos realizados até ao momento.
“Também serve para limpar a alma, mas, acima de tudo, completa-me. Costumo dizer que vivo quando escrevo, o resto do tempo apenas existo.”
Boa Leitura!
Escritora Suzete Fraga, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. O que a motivou a ter gosto pela escrita literária?
Suzete Fraga - Antes de mais, muitos parabéns pelo vosso trabalho. Não é fácil, para os autores anónimos como eu, encontrar quem nos dê voz.
A principal responsável pelo gosto da escrita foi a minha professora da primária. Certo dia, ao falar para a turma inteira, disse que ninguém podia mandar na nossa imaginação, que mesmo em cativeiro podíamos ser livres. Não sei porquê, embora falasse para todos, fiquei com a sensação de que falava só para mim. E foi assim: juntei o útil ao agradável; na vida de que sou refém encontrei uma forma de liberdade sem limites. Posteriormente, surgiram dois seres muito especiais quando eu mais precisava: os formadores de RVCC. Prometi dedicar-lhes o meu primeiro livro. E as promessas são para cumprir.
O que mais a atrai na arte da escrita?
Suzete Fraga - A escrita tem inúmeras facetas atrativas. Agrada-me a aprendizagem constante. Amo essa liberdade de poder inventar o que me der na gana. Posso matar e esfolar quem eu bem entender (riso maquiavélico), que quem manda sou eu e não vou presa por isso, por enquanto. Também serve para limpar a alma, mas, acima de tudo, completa-me. Costumo dizer que vivo quando escrevo, o resto do tempo apenas existo.
O companheirismo entre os colegas de escrita também é muito gratificante; as amizades que ficam para a vida... e as que servem de lição. Tudo serve para enriquecer a bagagem.
Conte-nos um pouco sobre o seu livro «Almas Feridas», que está no prelo...
Suzete Fraga - Como já referi anteriormente, é uma compilação de todos os trabalhos escritos até agora. É um mergulho a sangue-frio na sede de vingança, nas relações entre irmãos – bem ao estilo de Caim e Abel –, passando pelo dilema da fidelidade no matrimónio. Pode ainda viajar para um cenário campestre, recuar no tempo até à década de 80, saltar para uma partida de Carnaval, espreitar vidas desfeitas pelo álcool e pela violência doméstica, descobrir traições, amores desmedidos, reencontros no além, narcisismos que levam à loucura, sentir a vida com os olhos de quem não vê, ser herdeiro de vereditos cruéis, testemunhar atos verdadeiramente altruístas, ler cartas de amor, desfolhar sonhos, sentir a emoção da despedida, conviver com um encanto de sogra, descobrir o dom da humildade ou conhecer uma vidente muito peculiar.
Como foi a escolha do título para esta obra literária?
Suzete Fraga - Esta pergunta fez-me rir. Culpada me confesso! Eu explico: em conversa com o Isidro Sousa – exigente como só ele sabe ser – não havia meio de ter uma ideia brilhante. As opções que tinha em mente ou não se adequavam a todos os textos, ou eram mais indicadas para livros de poesia. (Ele é extraordinário, conhece os textos tão bem ou melhor do que o próprio autor.) Então, como não se fazia luz do lado de cá, ele, do lado de lá, foi atirando sugestões para o ar. Até que surgiu essa combinação: «Almas Feridas». Foi amor à primeira vista e, a bem da verdade, confirmo que a autoria do título pertence ao meu amigo Isidro Sousa.
Você diz que temas como a violência doméstica ou o alcoolismo estão no topo das suas preferências de escrita. O que a levou a ter gosto por este perfil temático?
Suzete Fraga - São temas cuja fonte é inesgotável, infelizmente. Não requer pesquisas. Na família, na casa ao lado, na rua mais abaixo, na televisão... basta piscar um olho para surgir uma história. E claro, nas minhas histórias, posso fazer justiça ou dar o final feliz que raramente acontece na vida real. Por outro lado, tenho uma leve esperança de poder ser uma influência positiva para quem passa por estes dramas. A escrita é uma arma, portanto...
Temos previsão para o lançamento de «Almas Feridas»?
Suzete Fraga - Se Deus quiser, em Outubro. A demora será recompensada com um lançamento triplo: «Amargo Amargar» do Isidro Sousa, «Mar Em Mim» da Rosa Marques e o meu «Almas Feridas». Vai ser um acontecimento muito especial: as primeiras três edições individuais Sui Generis (com a chancela EuEdito). Até os astros deverão estar vestidos de gala para a ocasião. (Risos) Agora a sério, pelo carinho que nos une, pelas batalhas que travámos, pelos "Adamastores" que tivemos de superar, não podia ser de outra forma!
Qual é o tipo de textos que gosta de ler?
Suzete Fraga - Prefiro textos em prosa, com um bom enredo para que, no fim da história, eu possa continuá-la na minha cabeça. Gosto de coisas reais. Um livro, todo ele a falar de amor, não me cativa, soa-me a falso. A vida não é um conto de fadas. É imperativo que esteja escrito corretamente. Não suporto lixo ortográfico, isso mata-me o interesse. Leio de tudo: drama, suspense, policiais, terror... mas se houver umas pitadas de sarcasmo... isso leva-me ao céu! A escritora Amelie Nothomb, por exemplo, é soberba na arte de criticar com ironia. Quem ler «Temor e Tremor» fica apaixonado por este estilo. É hilariante.
O que mais a encanta na leitura deste tipo de textos?
Suzete Fraga - A inteligência! É preciso muita inteligência para dizer umas boas verdades sem ofender e, ainda mais, se arrancar umas boas gargalhadas. Admiro imenso quem tem essa capacidade. Não é fácil fazer rir. Não é fácil ter a sorte de ser lido e o leitor sentir-se tocado pelo que foi escrito. Diria que é um tiro no escuro, até porque, antes de mais, o autor deverá escrever para si. Não devem ser o público ou os holofotes a movê-lo.
Você já participou de várias antologias e colectâneas. Qual foi a participação que mais a cativou? Por quê?
Suzete Fraga - Cada história é como um filho. E os filhos não se escolhem, amam-se.
No entanto, «O Beijo Do Vampiro», em que participei com o conto «Kayla: Sede de Vingança», esse teve um sabor especial. Pelo gozo da pesquisa. A história de uma vampira com mais de duzentos anos requer alguns pormenores verídicos, não só pelo enriquecimento, mas para lhe conferir uma certa credibilidade: a escravatura não podia faltar, as doenças da época (o escorbuto e a varíola, por exemplo), as baionetas, as embarcações... Foi deveras muito gratificante. Claro que um bom organizador ajuda imenso. Neste caso, o Isidro Sousa. Ele prima pelo respeito, incentivo, grandeza de alma, a qualidade... É um ser humano extraordinário. Dá gosto trabalhar com pessoas assim.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Suzete Fraga. Agradecemos a sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para os nossos leitores?
Suzete Fraga - Obrigada pela paciência!
Escrevam imenso. Exijam qualidade! Há muitas editoras que de editoras só têm o nome. São verdadeiras máquinas de sugar dinheiro. E o dinheiro, como sabemos, não compra respeito nem competência. Muito cuidado com essas!
Leiam muito, de preferência obras revisadas.
Se quiserem adquirir «Almas Feridas» podem fazê-lo por email: suzetefraga@hotmail.com, por telemóvel: (+351) 966326916 ou através do facebook: https://www.facebook.com/suzete.fraga
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