Tartaruga - por Maria Estela Ximenes

TARTARUGA

 

        Existem alguns costumes  que se  multiplicam rapidamente a olhos vistos, não se sabe quem criou ou adotou  a prática, mas muitos estão    aderindo.

         Me refiro ao costume  de algumas pessoas de colocarem   mochilas nas costas carregadas de objetos pessoais e ocuparem os espaços   coletivos  das cidade. É  fato que sua maioria  são usuários trabalhadores e cumpridores de seus deveres diários, mas que atrapalham o acesso de muitos é perceptível.

         Vou apelidar tal pessoa de indivíduos tartaruga uma vez que a cena com o volume nas costas me faz lembrar uma tartaruga.

         Indivíduos tartaruga utilizam ônibus, trens e outras vias de transporte carregando nas costas   enchimentos  capazes de  delimitar o movimento dos demais usuários nos locais que passam.

         Imagine um corredor de ônibus lotado, cujas pessoas se desviam umas das outras tentando se  equilibrar junto com  um individuo tartaruga, o  volume nas costa não facilita a locomoção de  subida ou descida dos locais de acesso. Nas filas, quem está atrás tem que ficar atento para não receber uma espécie de “mochilada” na face.

Já vi passageiros sendo “agredidos” por   mochilas - o indivíduo tartaruga tendo que pedir perdão por não ter visto ou percebido tal gesto,  óbvio que não percebe de imediato,   com tamanho  volume, como vai perceber a  “gentileza”? Muitas vezes, nem o próprio transporte dá conta de acomodar as infelizes mochilas e  não é raro  portas automáticas dos  trens ou elevadores  travarem para que  alguém possa retirar  a mochila emperrada.  

Aparentemente  indivíduos tartaruga não se importam com trombadas alheias, sua  principal preocupação é  carregar seus pertences  por aí, os demais passageiros que  se vigiem  para não serem atropelados.

         Se houvesse cobrança de taxas  para quem adere tais práticas,   imagine o prejuízo que  indivíduos tartaruga iriam ter?

 E me parece que a maioria são tartarugas do sexo masculino, pois  são esses os mais vistos aderindo o costume. Observe. Não é uma experiência bacana trombar com indivíduos  tartaruga.

E mesmo ciente que a necessidade faz a nascer indivíduos tartaruga,  fica a dica. Melhor se desviar.

 

 

 

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