TIC-TAC
Assim canta o relógio carrilhão.
Ele é europeu; alemão de Berlim.
Fabricado no século XIX. Hoje, vivo, está há contar o tempo.
Marcado, cadenciado. Tic Tac sussurra satisfeito.
Engrenagens lustradas, conservadas, preciosas, delicadas.
Em forma!
Esta coisa inanimada ocupa lugar de destaque
Inerte, parado, sem vida, sem ânimo e sem vontade própria.
Ele dita as regras, as normas, os dias, os meses, os anos e os séculos.
Os Donos? Já viraram cinzas pagãs.
Com autoridade anuncia o tempo que, movendo ponteiros, vai se diluindo
Todos correm, mas o tempo sempre passa.
Tic Tac! Tic tac!
No velho vaso de cristal, as rosas morrem: murcharam!
Sem vida tombaram sobre o vaso.
Pétalas retorcidas
Que pena!
Elas, as rosas, despetaladas, sem viço e cor
Já não ouvem mais o tic tac
O tempo acabou.
Novo ano começou.