TIRAR O PÓ
É tão bom poder tirar o pó daquelas peças que fomos recolhendo por todos os lugares que passamos.
Na medida em que se passa a flanela, colocamos todas as coisas no lugar.
Voltamos para os lugares onde a compramos. Do sorriso da atendente ou da cara mal humorada. Do idioma diferente ou apenas do sotaque.
Recordamos do azul, verde ou cinza do mar ou do céu. De nosso sorriso frouxo diante do sorvete de casquinha, faz calor. Aqui está tão quente.
Ou do chocolate quente, bem quente, naquelas tardes bem frias, quando vai descendo a neblina, o fog ou a garoa fina.
Batemos as xícaras, conversas sem rimas, muitos beijos na esquina. Faça pose! Lá vem a fotografia.
Ladeiras, bonde a subir repleto de turistas. Descidas, castelos e vilas, gerânios coloridos amontoados em vasos de fibras.
Assim, vou tirando o pó destas peças, do passado e do presente, rindo, me divertindo com estes pequenas enfeites, madeiras, porcelanas, cristal ou resinas, pois estar com elas é voltar a estar em todos os cantos e sentir o abraço de toda a “gente”.
Ah! É tão bom tirar o pó.