Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Tradução: Regis Friggi
Tom Connolly nasceu em Cambridge, Massachusetts. Estudou administração na Northeastern University e desenvolvimento de organizações na Manhattanville College, onde recebeu seu diploma de Master of Science. Serviu na Força Aérea dos EUA por quatro anos e ficou posicionado na Base Aérea Ramstein, Alemanha, e em Déli, Índia. Depois de uma carreira na IBM, iniciou sua própria firma, o Thundercloud Consulting Group, focada primariamente na transformação do ensino superior.
Escrever sempre foi um de seus focos. Tom acha o processo de criar uma história imensamente satisfatório: dar vida aos personagens, fazer com que se desenvolvam como pessoas reais, poder lhes dar expressão. Ao observar esses personagens lidar com os obstáculos no enredo, às vezes se pergunta: “Eu faria isso?” e imagina qual é a origem do comportamento deles. Ele gosta de ver seus personagens se apaixonar e expressar seu amor. E tenta aliviar a dor deles quando seu amor é interrompido.
“Eu escrevi o livro para leitores que gostam de histórias empolgantes, com personagens profundos que se metem em dificuldades e encontram uma saída.”
Boa Leitura!
Escritor T.R. Connolly é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos: o que o motivou a ter gosto pela escrita literária?
T.R. Connolly - Meu primeiro gostinho de escrita criativa foi na escola, quando eu estava atrasado com um relatório de leitura. Eu não tinha lido nenhum livro, então inventei um. Mais tarde, no ensino médio, a Irmã Julie Marie gostava dos meus contos e, um dia, me disse: “Thomas, você devia ser um escritor.”
Em que momento pensou em publicar o seu primeiro livro?
T.R. Connolly - Eu estava na Força Aérea dos Estados Unidos e, em 1963, estávamos ajudando a Força Aérea Indiana a instalar um novo sistema de radar para alertar a Índia em caso de um ataque aéreo da China. Na época, a China e a Índia estavam envolvidas numa disputa da Fronteira Noroeste, no Himalaia. No voo de 14 horas de volta para os EUA, eu escrevi The Bangladesh Void, um suspense de espião em que o Paquistão invadia a Índia. Eu tinha 20 anos. As páginas estão amareladas, mas eu realmente pensei em publicar a história. Isso foi há 50 anos. Dois anos atrás, eu escrevi Os Adorados e publiquei o livro de modo independente.
Como foi a escolha do título para “Os Adorados”?
T.R. Connolly - Os Adorados é uma história sobre sete meninos que se conhecem na pré-escola. Cada um deles é filho único de pais abastados. Há várias histórias a respeito deles, das pessoas que os amam e das pessoas que eles amam.
O que o inspirou a escrever o seu livro A Fera do Brasil?
T.R. Connolly - Visitei o Brasil pela primeira vez no verão de 1996. Eu estava em Recife, fazendo um trabalho para a IBM. Descobri esse país fabuloso, cheio de pessoas encantadoras e belas. Sempre que visito um país, pergunto a meus novos amigos quais são seus livros favoritos. Um livro que me recomendaram ler de imediato foi Capitães da Areia, de Jorge Amado. A imagem de Pedro Bala e sua gangue permaneceu em minha mente. Assim, tudo começou com um órfão na praia de Boa Viagem.
Daí, uma confluência de eventos apontou para 2016: aproximavam-se os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro; multidões estavam protestando, e às vezes se rebelando, contra a corrupção associada aos gastos com os jogos; o Zika vírus estava se espalhando; os preços do petróleo despencaram e levaram a economia junto; a Presidente estava sendo acusada de desvio de fundos de campanha.
Eu só precisava de um fio condutor para unir todos esses elementos. Entra em cena Juan “Chunk” DeLuna, a “Fera do Brasil”.
Como foi a construção do enredo e personagens que compõem a obra? Quem é a “Fera do Brasil”?
T.R. Connolly - Ao construir o enredo, criei um grupo de personagens — os Reis da Praia — e entreteci os eventos que aconteciam no Brasil. O personagem principal é o líder da gangue, alguém como Pedro Bala. Mas eu não podia fazer com que Chunk DeLuna fosse Pedro Bala; ele tinha de ser alguém diferente — algo como Pedro Bala cresce e se torna o Poderoso Chefão. Ele se torna a “Fera do Brasil”. Todos odeiam Chunk; ele é detestável pelas coisas que faz, e sua violência cresce a cada página. É apenas no fim da história que o leitor descobre a tragédia e o mal que aconteceram a DeLuna antes da cena em que o conhecemos, no primeiro capítulo, aos 14 anos na praia de Boa Viagem. Eu também dei a DeLuna uma mulher totalmente oposta a ele: Lívia Cavalcanti. Somente mais tarde Lívia questiona seus valores para estar com Chunk. Nesse ponto, ela encontra o amor nos braços de seu professor de pintura, um homem 40 anos mais velho que ela.
O que mais o encanta em A Fera do Brasil?
T.R. Connolly - Duas coisas me encantam: A primeira é que Chunk e Lívia fazem uma viagem à terra natal dos ancestrais dela, com os índios caiapós, nas profundezas da Amazônia, às margens do Rio Xingu. A viagem, a vida pacata dos nativos, a beleza natural ao longo do rio e a explosão de cores e sons me cativaram. Cativaram também os membros de meu grupo de leitura, que me ajudou a manter o foco da história. A segunda é que Lívia é bem cuidada por Chunk em termos materiais, mas ele é um monstro e a arrasta cada vez mais para as profundezas de seu mundo sombrio. Porém, um dia ela se apercebe que é mau ficar com DeLuna. Lívia ora por livramento na velha igreja no alto de Olinda. Ela começa a ter aulas de pintura de um artista idoso numa antiga fábrica à margem do Rio Capiberibe, em Recife. Ele a acalenta e incentiva; seu talento desponta, ocorre uma autodescoberta e Lívia encontra o amor. Ela também descobre que seu amante mais velho é um artista reprimido, e algo maravilhoso acontece no final.
A obra foi traduzida para o Português, pelo tradutor Régis Friggi. A quem você indica a leitura desta obra?
T.R. Connolly - Eu escrevi o livro para leitores que gostam de histórias empolgantes, com personagens profundos que se metem em dificuldades e encontram uma saída. O leitor deve gostar de uma história que se passa nos tempos atuais, no presente — eu procurei dar sentido ao que acontece à nossa volta. Eu amo clássicos que contam histórias de 100 anos atrás, mas gosto muito de escrever sobre o hoje. Nada me cativa mais do que ler o jornal: todos os dias acontecem centenas de eventos que nunca antes na História ocorreram. Diariamente. Meu material. Eu pego esse material e crio uma nova história, fácil de ler e de compreender. Tento retratar o momento que vivemos. Talvez se pudermos visualizar a história completa, de uma só vez, como conto de ficção, isso nos ajude a encontrar sentido em nosso mundo.
Onde podemos comprar os seus livros?
T.R. Connolly - https://www.amazon.com.br/Fera-do-Brasil-T-R-Connolly-ebook/dp/B01GR4SOFU/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1466471152&sr=8-1&keywords=a+fera+do+brasil
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Morando nos EUA como você vê a literatura Americana?
T.R. Connolly - Etérea. Muitos escritores hoje estão preocupados demais com a arte de escrever. Não me entenda mal, eu aprecio o fluxo das palavras, a beleza de uma frase, e eu mesmo tento empregar essas coisas para meus leitores. Mas, às vezes, não existe nenhuma história. Eu gosto de ler coisas substanciosas. Quero personagens intensos, de sangue quente, amantes apaixonados. Quero um enredo com reviravoltas, que não diminua o passo e ainda me surpreenda na última página.
Estes são meus romances favoritos: A Mancha Humana; Os Miseráveis; Silas Marner: O Tecelão de Raveloe; Um Conto de Duas Cidades; Capitães da Areia; A Boa Vida; O Prefeito de Casterbridge; Eugênia Grandet; Winesburg, Ohio; Uma Cidade Chamada Alice; O Velho e o Mar; e Amsterdam. Todos têm um ponto em comum: são ótimas histórias com personagens que ficam com você para sempre.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o autor T.R. Connolly. Agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
T.R. Connolly - Você não precisa sempre se sentir na obrigação de ler, mas tenha sempre um livro em sua cabeceira.
Contatos com o autor:
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