TRAMA SEM PONTO
A pétala frágil tecida por sonhos,
Bordava lençóis com fiozinhos de amor,
Na seda brilhante os pespontos risonhos,
Teceram carinho no aroma da flor.
Primeiro bocejo fez jus a espessura,
Pois mesmo tão meiga calou longitude,
Abrindo caminho à mais nobre costura,
Na fibra conjunta calou a atitude.
E assim, cochilamos as flores da tarde,
Tecendo a garoa num gesto covarde,
Cortamos o fio de uma trama sem ponto.
No vil embaraço da imensa saudade,
Transponho as agulhas de cada vontade,
Fiéis testemunhas do meu desaponto!