Tributo aos Loucos do passado– Por SILVA NETO
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Quem não se deparou com aquelas ou aqueles jogados na rua, entre trapos e farrapos, vestindo sobras das sobras de retalhos coloridos e sujos, imundos, fedorentos do vai e vem dos dias, dos meses, dos anos, largados ao relento sem eira nem beira?
Quem não assistiu ao show dos pinguços, cachaceiros, de fogo, de pileque, bêbados, seja lá o quê, rodopiando, resmungando, cantarolando e dizendo loas ao vento?
Quem não sentiu dó da incúria desses maltrapilhos, sem que se possa fazer nada para tirá-los das ruas, porque o verdadeiro lugar deles é ali? O palco da vida deles é ali?
Quem não sentiu envergonhado por eles desmistificarem o nu, de fazerem seus excrementos a céu aberto com a simplicidade dos cães, dos irracionais?
São os loucos poetas.
São os literatos, os artistas, os filósofos, os inventores do passado atoleimados nos seus dotes mal resolvidos.
São aqueles que não tiveram a chance de demonstrarem seus inventos, suas artes, seus talentos, seus encantos.
São os que foram trucidados ante suas magistrais engenhocas, suas teses estelares, sendo obrigados a tomarem sicuta se não desdissessem diante do Tribunal da Inquisição.
São os médiuns, até então adivinhos, oráculos, pitonisas, necromantes falidos que não lhe deram o direito de provar suas magias.
Ou seremos todos nós, nessa competição desigual dos dias de hoje, se não obtivermos sucesso em nossas empreitadas?
Loucos! Loucos! Loucos! Seremos todos, se não lutarmos pelo nosso lugar ao sol.