TRISTE MARIANA
A cidade mineira de Mariana está em luto. A cidade, o povo, a natureza.
Antes sitiada por seres vivos, hoje devastada pela avidez dos ambiciosos por lucros.
Em Mariana, o desastre vai além das manchetes de jornais. São olhares angustiados, natureza implorando salvação, a morte.
Enquanto os poderosos adormecem em macios travesseiros, os frágeis lutam contra a lama. Barreiras se rompem, manchando sonhos e dignidade. E tudo contribui para que o conjunto de resíduos sejam misturados com lágrimas.
È a lama contaminando os frágeis; e os poderosos utilizando papéis e canetas para assinarem atestados de hipocrisia.
É a lama, fazendo perceber que a ganância é parente do desastre, e que nem sempre se recupera todos os cacos de vidro.
O futuro da cidade de Mariana é tão incerto quanto os discursos dos poderosos, e tão frágil quando o choro de uma criança.
A certeza de que, além da lama, há profunda tristeza também.