UM OLHAR QUE ACOLHE
Numa rua movimentada,
Encontra-se um homem adoecido,
Veículos passam riscando o asfalto,
Mas as pessoas não enxergam o homem.
Comentam as festividades de natal
Enfeites e luzes que ofuscam,
Percebem o consumo desenfreado e caixas de presentes
Degustam em mesas fartas,
Sorriem, cumprimentam, felicitam,
Mas não olham aquele homem.
De aspecto doentio, vestes rasgadas, mãos inchadas.
Inesperadamente,
Alguém sai do veículo e acode o homem,
Ergue o corpo castigado, murmura palavras de incentivo,
Oferece uma refeição,
Enquanto isso,
Na rua movimentada, passageiros resmungam, buzinam, protestam,
Sobre um carro encostado na guia,
O carro da pessoa que enxergou o homem necessitado.
Ali, as luzes de natal se acenderam,
Porque um olhar acolheu.