Mário de Méroe
Um Portal para a Eternidade
Aproximando-se a data propícia para comemorar o final de um ciclo de vida, as pessoas instintivamente se recolhem em reflexões de avaliação e planejamento. Como transcorreu o ano? Meus projetos foram realizados ou “engavetados”? Não deu certo? Tudo bem, no próximo ano pretendo.....e por aí vai; ano após ano, repete-se o rosário de promessas, invariavelmente não cumpridas.
Os rituais de passagem de ano assemelham-se a importantes liturgias de transcendência, quando as pessoas fazem um balanço das atividades planejadas e as efetivamente executadas durante o período.
Dificuldades enfrentadas no ciclo que se encerra, realizações, tensões, conflitos, novos planos para o ano vindouro, tudo cabe nos pratos da balança para a aferição do resultado, ao menos simbólico, dessa etapa.
O saldo pode ser negativo ou positivo, dependendo dos planos e da intenção de cada um. Ao final de um exercício civil, cada pessoa pode sentir-se feliz por ter realizado tudo (ou a maior parte) do que planejou, ou mergulhar em depressão ou sentimento de derrota por não haver conseguido cumprir suas promessas de final de ano. Geralmente cumprem-se apenas as tarefas relacionadas com a saúde (se forem urgentes), ao bem-estar e à família. As demais, geralmente feitas de afogadilho no afã da última noite do ano, como parar de fumar, beber menos, entrar para a academia de ginástica, telefonar para um amigo distante, etc, a tendência é postergá-las para o próximo ano, e assim, sucessivamente, até que deixem de ter interesse para a vida dessa pessoa.
Então surge o grande dia!
Ao espocar dos fogos de artifício, as borbulhas de champanhe e a música anunciam, alegremente, a presença de mais um Ano Novo, com seu envolvimento mágico de amor, alegria, esperanças.
A empolgação toma conta dos corações. Ano Novo, vida nova, um elo de mistérios e surpresas. A chegada de um ano novo sempre traz esperanças. Abrir a nova agenda e, passada a temporada das festas, anotar os compromissos, horários de trabalho, etc. Tudo rotineiro e escalonado, como sempre o foi. Pragmatismo em demasia? Talvez...
Mas, felizmente, o Ano Novo é precedido de Réveillon, a festa de passagem do ano, ou festa de Ano-Novo, que exerce um imenso fascínio e inunda de sonhos e de esperanças a mente humana, como se essa data tivesse corolários de magia, e onde tudo poderá ser possível... se não agora, quiçá no próximo ano.
Essa festa introdutória assemelha-se a um portal do infinito, por onde os sonhos e projetos adentram para seguir seu destino e realizar-se, podendo também estagnar-se aguardando “melhor oportunidade” ou desfazer-se, deles restando apenas lembranças, que por sua vez darão lugar a outros sonhos e projetos, no cronograma da eternidade...
Sonhos concretizados, para alegria do sonhador, ou a tristeza das ilusões desfeitas. Mas o desalento terá curta duração: as chamas dos desejos não realizados podem reacender como anseios para a próxima temporada, pela força mágica desse portal de esperança e Fé.
Boas Festas e Feliz Ano Novo!
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