VAGALUME
Não me faço noite.
Assim, não aborreço as estrelas.
A cobrir-me, ao noturno, com o manto da claridade.
Cá, embaixo, bolas de espanto.
Curvo-me!
Admirada, miro o brilho distante
Elas, feitas diamantes, esferas de plasmas, grandes, luminosas e oferecidas
Ficam a lambuzar o céu, tendo a lua como testemunha.
Não percebo esta tal rotação sincronizada da terra
Rodando nua
Lua sempre com a face visível
Anseia por serenata
Moda de viola
Letras que cantam
Bocas arregaçadas
Hoje não se faz tocar.
Cá embaixo, repito, veio apenas os vagalumes.
Estrelas pequeninas explodindo
Apresentando o asfalto quente
Espaços apertados a enforcar as árvores
Repleto de Vagas, cômodo sem mobília.
Madeiras brasas, fogos, altos lumes
A clarear as portas do paraíso
Nos contornos indefinidos de falsos brilhos
A iluminar versos cestos recheados de maçãs
Que nos braços se apoiam
Apertados entre os seios fartos e generosos
E olhos, feitos vagalumes, piscando aqui e acolá.