por Shirley M. Cavalcante (SMC)
VALDECK ALMEIDA DE JESUS (1966) é jornalista, funcionário público, editor, escritor e poeta. Embaixador da Divine Académie Française des Arts, Lettres et Culture, Embaixador Universal da Paz, Membro da Academia de Letras do Brasil, Academia de Letras de Jequié, Academia de Cultura da Bahia, Academia de Letras de Teófilo Otoni, Academia Nevense de Letras, Ciências e Artes – ANELCA, Poetas del Mundo, Fala Escritor, Confraria dos Artistas e Poetas pela Paz, União Brasileira de Escritores – UBE e União Baiana de Escritores - Ubesc. É presidente do Colegiado Setorial de Literatura da Bahia para o biênio 2013/2014, junto à Fundação Cultural do Estado da Bahia, entidade ligada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Diretor Geral da União Baiana de Escritores – UBESC para o biênio 2013/2014.
“Quando todos se unirem em prol de trabalhos conjuntos, de melhorar a produção e fruição, aí, sim, o mercado vai ser beneficiado. Mas enquanto cada um puxar para um lado, vamos ficar na ilusão de um dia conseguir alguma coisa.”
Boa Leitura!
SMC - Escritor Valdeck Almeida de Jesus é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que o motivou a ter gosto pela escrita?
Valdeck de Jesus - O primeiro contato com literatura foi de forma oral. Minha mãe, apesar de analfabeta, era uma boa contadora de histórias. Toda noite eu e meus irmãos sentávamos ao redor de mamãe e ouvíamos os seus relatos fantásticos. O sono muitas vezes chegava antes do fim da contação das memórias dela. Mas no dia seguinte a gente pedia “mãe, conta aquela história do gato”, “conta aquela do sapo”... E ela, pacientemente, retomava cada relato e nos fazia sonhar. Eram bons momentos de aconchego e de contato com mundos fantásticos. Ao chegar à escola, já encantado com a existência de outras realidades, mergulhei na poesia que era vendida de sala em sala. Daí não parei mais.
SMC - Em que momento você se sentiu preparado para publicar o seu primeiro livro?
Valdeck de Jesus - O encantamento pela leitura me levou a ler tudo o que achava, de rótulo de shampoo a papeis que eu achava na rua, livretos, panfletos, tudo. Cheguei até a montar uma biblioteca particular em casa, com livros didáticos, revistas e todo tipo de impressos. A paixão por literatura me levou a ler boa parte do acervo da Biblioteca Municipal de Jequié, onde nasci. Alguns anos antes, numa fazenda onde morei uns seis anos, eu pegava escondido dezenas de revistas em quadrinhos da casa da sede, lia e depois devolvia, para pegar mais. Aos dezoito anos publiquei o primeiro poema em livro e fiquei sonhando em publicar uma obra só minha. Concretizei o sonho em 2004 com o livro “Heartache Poems’, com textos românticos traduzidos para o inglês. Daí então, minha carreira decolou.
SMC - Hoje você tem vários livros publicados de diferentes temas: romances, poemas, livros técnicos. Como foi surgindo estes diferentes gostos literários e o que o influenciou a ter esta diversificação de temas publicados?
Valdeck de Jesus - Eu sou uma pessoa que não acredita em limites, fronteiras ou rótulos. Sempre fui leitor de todo tipo de assunto, de psicologia a livros infantis, jornais de esquerda, revistas de direita, o que me encanta é a linguagem. Talvez devido a isso meus textos não obedecem a um roteiro, critério, não se encaixam muito em fórmulas. Vou escrevendo sem planejar onde chegar. O próprio texto se guia e o resultado quem vai dizer é quem lê, mas não me importo se são classificados como contos, romances, poemas, etc. Acho que a arte precisa fluir, sem limitações, sem horizontes pré-determinados.
SMC - Alguns de seus livros apresentam títulos que despertam curiosidades, podes falar um pouco sobre os títulos abaixo:
“Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden” – este livro resume a história de minha família, que passou fome, enfrentou miséria absoluta e venceu, graças à fé e à persistência de minha mãe, que nos guiou pelo caminho da honestidade e da busca pela vitória sem derrubar ninguém. É dirigido a pessoas de todas as idades, com linguagem simples e direta.
“Minha alma nua” – poemas que me desnudam, falam de meus sentimentos e de minha busca por um estabelecimento no mundo. Pessoas de qualquer idade podem ler.
“O MST e a Mídia. Uma análise do discurso sobre o Movimento dos Sem Terra na Mídia” – trabalho técnico, realizado juntamente com o jornalista Jobson Santana, em conclusão do curso de Comunicação Social. Foram analisadas reportagens de O Globo e A Tarde, edições online, sobre o Movimento dos Sem Terra. Dirigido a estudante de jornalismo, pesquisadores, professores de comunicação social e interessados no tema.
“Sim, sou gay. E daí? Desabafos do gay Alice no País das Maravilhas” – romance LGBT, narra a história de vida de um homossexual em busca do amor, e que se envolve em várias situações hilárias e outras perigosas. Para público adulto.
“Brasil e África: laços poéticos” – reunião de poemas de quatro autores: Valdeck Almeida (Brasil), Dye Kassembe e Walter “S” (Angola) e Eduardo Quive (Moçambique), cuja temática é social e crítica, em relação à nacionalidade de cada autor. Dirigido a público juvenil e adulto.
SMC - De forma geral qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos literários?
Valdeck de Jesus - Eu costumo não dar conselhos, não ser direto nas sugestões. Geralmente minha opinião é colocada de forma explícita, mas sem convite a ser seguido. Os discursos estão na mesa, e cabe a cada um escolher o que apoiar e o que condenar. Mas não mostro caminhos, direções. Acho que cada pessoa tem uma rota, muitas vezes se cruzam com a minha, mas não necessariamente preciso de seguidores ou seguirei alguém. Minha posição é de lutar para vencer, de conquistar através do esforço e de respeitar os limites de cada um. Quem se identifica, vai lendo e reproduzindo.
SMC - Onde podemos comprar os seus livros?
Valdeck de Jesus - Meus livros podem ser adquiridos nos sites da Chiado Editora (Portugal), Livrarias Cultura e Saraiva, bem como Amazon, Google Books etc. Mas quem quiser pode entrar no meu site: www.galinhapulando.com onde tem links direto para alguns livros, ou pode tentar adquirir direto comigo, pelo e-mail poeta.baiano@gmail.com
SMC - Que dica você dá para as pessoas que estão iniciando carreira como escritor?
Valdeck de Jesus - Estudar muito, ler muito, fazer contato com vários tipos de escritores, não limitar a escrita e a leitura a um determinado gênero, experimentar, participar de eventos literários, saraus de poesia, lançamentos, simpósios, encontros etc, pois, quanto mais contato com fazedores de literatura, mais a gente consegue ir se lapidando, melhorando a produção. E precisa fazer autocrítica. Ninguém nasce pronto, é sempre bom se reciclar, fazer cursos de escrita, participar de oficinas de criação de textos etc.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?
Valdeck de Jesus - Menos umbigo e mais amizade. Muitas vezes, em qualquer ramo de atividade, as pessoas se isolam, acham que sozinhas podem chegar ao seu destino. Eu acredito que nada é feito por uma única pessoa. Você pode até sentar e escrever um livro, mas as influências, as vivências, as experiências de vida sua e de outros, sempre estarão ali, de alguma forma. Tem pessoas que se acham deuses, iluminados, escolhidos, donos de inteligência suprema. Pura ilusão. Quando todos se unirem em prol de trabalhos conjuntos, de melhorar a produção e fruição, aí, sim, o mercado vai ser beneficiado. Mas enquanto cada um puxar para um lado, vamos ficar na ilusão de um dia conseguir alguma coisa.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos a sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Valdeck Almeida de Jesus, que mensagem você deixa para nossos leitores?
Valdeck de Jesus - Agradeço o convite, fico lisonjeado pela escolha de meu nome para figurar no rol de entrevistados e espero que o trabalho do site cresça e seja valorizado cada vez mais. Aos leitores, meu abraço e o desejo de que leiam, bastante, e que façam suas escolhas. O campo literário brasileiro é vastíssimo e tem livro pra todo mundo e para todos os gostos.
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