Viagens
Embarquei no veleiro dos pensamentos para uma viagem, sem destino. sem saber aonde e quando atracarei para descansar.
Simplesmente, viajei. em meio a maremotos e tsunames, mas fui. Com medo, com tristeza. Porém, parti levando na bagagem quarenta
e quatro anos compartilhados a dois. Parti sem saber aonde chegaria, sem destino e sem saber quando e como voltaria. O que sei é que
era um passageiro errante, clandestino nesse barco chamado lembranças, porque precisei embarcar e deixar atrás de mim, as ondas
espumantes de sal em um rastro de vida.
Meu barco me levou a lugares lindos entranhados na natureza de olhares infantis, inocentes, românticos e apaixonados.
Mostrou-me um sonho ansioso, um vestido de noiva, uma igreja, um tapete vermelho, uma festa;mas, principalmente, o palpitar de dois
corações em um "sim", "Até que a morte os separe". Desta parada, me conduziu a momentos de alegrias, de lutas, de dores e lutas. Contudo,
ancorei ante a um choro de bebê, a uma valsa, a muitos diplomas e títulos. Mais uma vez um vestido de noiva e u.m pai orgulhoso.
O cruzeiro seguiu seu itinerário até chegar ao lugar crucial:a linha divisória do foi e do é. Meu barco mudou de cor. Já não é azul
como áquele trem do comerial da TV. Pelo contrário, suas cores são de cera e seu aroma tem cheiro de morte. Cheiram àqueles incensos das
lojas, que poluem ainda mais, o ar que se respira, que causam náuseas e acordam rinites adormecidas, gerando narizes vermelhos e olhos encacimbados...
Ou serão alados e cachoeirentos?