Vícios modernos (2)
Rogério Araújo (Rofa) *
O poder viciante dessa “droga” chamada tecnologia é muito grande. Ela é capaz de causar problemas físicos e psicológicos. Algumas experiências foram feitas com jovens que ficaram “de jejum” de internet por uma semana. Nos primeiros dias não é nada fácil, pois um vazio enorme parece tomar conta do interior da pessoa. Depois passa um pouco, mas a sensação de abstinência, de que falta algo fica sempre presente.
E o que fazer, então, para viver sem que os “vícios modernos” nos dominem e nos façam mal, ao invés de ser um grande beneficio para nossa vida?
Não pode faltar equilíbrio. Viver 24 horas por dia sob intensa tecnologia sem aproveitar as coisas básicas da vida não é algo sensato e nem faz bem. A família fica em frente ao computador ou TV e não conversam. O filho não pode nem contar o que lhe aconteceu na escola porque está na hora na novela, noticiário, jogo de futebol ou acesso às redes sociais. O que é mais importante? Cada um vive isolado do outro e isso causará problemas sem precedentes num futuro próximo. Tudo na vida é uma questão de equilíbrio.
Viver mais na “real” e não somente no virtual. É necessário crer nas coisas reais e que estão à nossa frente, fisicamente e de carne e osso, e não apenas no vimos na telinha do computador ou dos tablet, iphones, smartphones... que estão nos dominando, em muitos casos. Sendo assim, as tecnologias serão complementos e não permearão a vida da pessoa como um todo.
Aproveitar sem esquecer o que importa. Tudo que existe no mundo em termos tecnológicos é muito bom para facilitar a vida. Mas nenhum relacionamento on line se compara a um relacionamento pessoal. Um abraço entre duas pessoas pode fazer bem à mente e coração, o que não pode acontecer pela internet que é algo frio.
Vícios modernos X Vida de verdade. Quando uma compulsão em, por exemplo, acessar a internet impede de realizar algo por falta de tempo, essa está em estado avançado e precisa ser tratada. A ciência provou que crer em Deus faz bem ao cérebro que tem a sensação de bem-estar intenso. A grande questão é exatamente essa: crer no que não vemos, mas sentimos. Será que isso também ocorre no âmbito da internet e nossos “relacionamentos virtuais”?
Fazer amigos através de comunidades virtuais; entrar em contato via internet com parentes e conhecidos de longe; ler notícias sobre tudo que acontece no país e no mundo; saciar curiosidades sobre assuntos que sequer foram mencionados um dia. Muitos recursos podem ser acessados pelo computador para facilitar nossa vida.
Tudo isso é mais válido do que nunca. Mas é preciso que não se discrimine quem não está nessa “onda tecnológica”, até mesmo por opção.
O filme “Tempos modernos”, de Charlie Chaplin, de 1936, já falava sobre o domínio do homem pela máquina que ele mesmo inventou, em pleno cinema mudo. E quantos anos já se passaram e a situação piorou e, muito, porque a suposta evolução ampliou horizontes e mudou tudo radicalmente, seja para o bem ou para o mal.
Que o nunca o “pessoal” não seja substituído pelo “virtual”.
Vamos refletir: como temos lidado com as tecnologias que chegam e evoluem de forma assustadora? Temos equilibrado nossas ações? Será que os elementos que mais importam na vida têm sido deixados de lado por causa de excessos cometidos no uso dos “tecno-apetrechos”?
Um forte abraço do Rofa!